diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sábado, 20 de agosto de 2011

Inútil busca.

Saía à procura de alguma coisa que nem mesmo sabia do que se tratava.
Buscava ansiosamente nas noites escuras por algo que ainda acreditava encontrar.
Entrava madrugada adentro numa incessante e ávida descoberta de algo incomensurável.
Era uma desesperada necessidade de estar junto daquilo.
Seu corpo era levado por uma força que o fazia vagar naquelas noites.
Havia no fundo uma esperança perdida de retomar ou tomar para si uma coisa de era sua.
Não, era antes uma vontade de conhecer esta coisa que não podia nomear.
Os fantasmas do passado lhe assombravam nestas noites frias.
Aquele corpo que se movia, como que impulsivamente, sofria com o cansaço.
Mas, algo maior o empurrava naquela caçada.
O alvo, indefinido, não sabia estar perto ou longe.
Apenas ia.
Quando os pés feridos e doloridos desistiam, retorna pelo mesmo caminho enfadonho.
Retornava à sua casa, seu canto, sua cama quente.
Voltada de alma e coração vazios.
Perdia o sono e deitado vagueava pelos pensamentos desconexos.
E outros dias viriam, outras noites, em que a rotina se faria presente e massacraria toda alusão à mudança.