diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Maria.

O dia de hoje não poderia passar sem que eu escrevesse algumas linhas. Há 49 anos o carcará alçou seu voo. Do recôncavo da Bahia para o mundo. Paris, Porto, Fèz... A menina de 19 anos virou estrela da noite para o dia. E nunca mais parou. Foi Berré, a cantora de atitude e vontade própria, sem nunca se prender a rótulos. Cantou sua Bahia, Caymmi. Cantou Noel, Roberto Carlos, seu mano Caetano e tantos outros grandes de sua geração, de gerações passadas, de gerações futuras, tornou-se A VOZ das mulheres criadas por Buarque. Olhos nos olhos de seus súditos. A abelha rainha da música brasileira arrasta uma legião de fãs enlouquecidos, que vão ao delírio aos primeiros acordes de sua banda, aplaudida antes mesmo de entrar em cena. A senhora, que é hoje, dona absoluta de seu palco mastiga as palavras das canções e vomita-as com toda a força de sua alma. É um orixá encarnado, Iansã viva, pulsante com toda a sua tempestividade. A mim muito ensinou e ensina, o amor ao palco, a dedicação ao ofício, o respeito ao seu público, o profissionalismo. Ensinou também a amar as grandes vozes do mundo, Billie, Judy, Nana... Hoje eu vivo na sua Bahia, abençoado ao pé do ouvido. Maria, eu só posso dizer uma única palavra: Obrigado. Hoje e sempre.

Êparrei, Maria Bethânia.