diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 29 de julho de 2008

Mudo Mundo.

Que peso as palavras têm?
Por que nós as usamos?
Deveríamos nos comunicar de outra forma.
Palvras machucam, ferem.
Muito mais do que acariciam.
As frases, feitas de palavras, as palavras feitas de letras.
Não seriam mais que sinais inscritos num papel.
Se nós não lhe tivéssmos dado significados.
Aí, reside, talvez, o nosso erro.
Eu queria ser mudo.
Para não ter que usá-las.
Preferiria não saber ler, escrever.
Ser ignorante.
A ter que me deparas com facas gráficas ou orais.
Que me cravam o peito.
Me rompem a alma.
Desfazem meus sonhos.
Destroem minha vida.
A palavra é o mal da humanidade.
As línguas deveriam se aquietar.
As mãos não mais empunharem canetas, penas.
O dicionário é o chefe dessa maldade.
Queria o mundo sem silêncio.
Apenas olhos que espreitam o movimento.
Sinais corporais.
Nada de palavras.
O puro instinto agindo sobre a razão.
Nada de palavras e frases de efeito.
O mudo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A noite de hoje.

O mundo podia ter acabado ali.
Eu, você, abraçados.
Como eu sempre quis.
Sonhei.
Mas o meu amor é pouco para nós.
Tu não me amas.
Eu te amo, sozinho, não mais calado.
E eu pensei em tudo.
No passado, no presente.
E se haverá um futuro.
Eu não sei se seremos nós no futuro.
Ou tão somente cada um na sua.
Eu quis tanto ter-te em meus braços.
E quando eu tive dizia-mes que não me amavas.
Não me amavas como eu queria.
Mas se girar do globo tivesse parado ali estaria feliz.
E nada mais me importava naquele instante.
Teu calor se entrelaçando com o meu.
Tuas mãos nas minhas.
Minha boca murmurando declarações vãs.
Para ti.
Por ti.
E eu ali, contigo enlaçada em mim.
Quem me dera outros momentos assim.
Não, não, eu não mereço. Eu não devo.
Eu devia te odiar. Não te ver, não querer, desejar jamais.
Mas não consigo.
Tive vontade de chorar, não aconteceu.
Quis te beijar, me fiz.
Quero dormir não consigo, penso em ti, em nós.
Que nós, nóas não existimos.
Existe tu e eu, cada qual com suas vidas.
Em separado. Atravessados.
Eu atravessado no teu caminho e tu no meu.
Isso não é bom, para ninguém.
Ai, noites frias em que sonho com tua figura, tão linda.
Tão alva como o brilho da lua.
A lua que embala minha solidão.
Eu tentarei não mais te amar.
Ou não te amar mais.
Um pouco menos, talvez.
Quem sabe num futuro próximo nós nem nos vejamos mais.
O tempo se encarregará de nos distanciar?
Ou irá nos aproximar?
Paira a dúvida, tão certa como o futuro incerto do meu amor.

domingo, 20 de julho de 2008

Fato.

Uma coisa é fato:
O passado não volta.
E nem todo mundo aceita isso.

Devaneio.

Faz tempo não escrevo.
Não me sentia apto à tal.
Hoje me deu vontade, necessidade, desejo, fome de comer laudas e mais laudas de um papel virtual.
E aqui estou de caneta invísível em punho, escrevendo despudoradamente como eu amo. Ouvindo uma voz cantar aos meus ouvidos, sons já de há muito conhecidos.
E eu não me estabeleço em lugar nenhum, eu habito no universo paralelo criado pelos autistas.
E continuo livre.
Eu sonhei com morte, porém não chorei.
Há tempos que também não choro, e nem tampouco me sinto à vontade para fazê-lo.
Eu tive coragem e dei a cara à tapa, apanhei muito, e não me arrependo nem um pouco.
Nem pretendo me arrepender.
Quero viver assim, correndo, pulsando como meu coração insano que palpita no peito.
Uma anti-forma de vida.
Um fado sambado, um frevo abolerado.
Uma multidão perdida no deserto.
Um oásis na avenida.
Trilhos aéreos, ruas marítimas.
Marulho, barulho, silêncio.
Eu absurdo, obsoleto, audacioso.
Clemente e temente, não demente.
Vivente. Tratados desfeitos. Acertos errados.
E a voz me entoa cantigas antigas nos ouvidos, que não estão cansados de ouvi-las.
Quero e não posso, deixar de te amar.
Posto que é imortal. Visto que não é infinito.
Que não dure o tempo necessário, ou melhor que não dure tempo nenhum.
Eu quero morrer.
Mas chorei a morte dos 101 anos de vida louca. Desci.
Crepita árvore vocal da mulher de nariz adunco.
Violinos enchiam o ar de emoções.
Eu sonhei, um dia, em ser músico, mas a matemática não me entra na cabeça.
Virei artista. Atormentado, atormentador.
Vivi vidas alheias e nunca a minha.
Queria que eu fosse psicólogo.
Acho que até hoje acreditam que eu o sou.
Mas. Sem mais delongas.
Com mais alongamentos.
Crescendo, alargando, como vias públicas.
A Nossa Senhora das Cantoras Brasileiras, quem é?
Jornal. Morte. O que são as palavras?
Aglutinamento de letras.
Mas assim são, aleatoriamente ou não?
Eu não sei mais de nada.
Eu que queria saber de tudo.
Mudar tudo. Viver tudo. Ser amado.
Não sei, não mudei nada, nem ninguém, não vivi nada, nem muito menos fui amado.
Só amei, ah, isso isso. Aí eu caprichei.
E me arrebentei, me estabaquei, caí, quebrei a cara, as mãos, os braços, as pernas, foi uma legítima carnificina.
Meus punhos doem.
De tanto escrever, meus olhos pesam na face, pálida, triste e velha.
Meu cerébro não quer mais pensar.
E eu paro por aqui, esse escrito.
Esse verdadeiro devaneio. Que talvez nunca exista.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os Soltos

Os ventos sopraram...
O tempo juntou...
Dioniso abençoou...
E aqui estamos...
Saltos nos caem a cabeça...
Interesses diversos?
Alma grupo?
Todos por uma cabeça...
Super-heróis?
Aves livres?
Super fantasticamente.
E amantes, amadores...
Abstratamente unidos.
Saltos espetaculares.
Somos assim, felizes.
Abertos, livres.
Soltos no mundo.
Sem amarras.
Sem preconceitos.
Absolutamente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Reconstrução

Que as poeiras antes levantadas
Se assentem.
Que os sentimentos de ruins
Dêem lugar à felicade.
Que meu coração se acalme.
As dores se aplaquem.
E assim eu esteja pronto,
Para um novo amor.
Viver tudo novamente.
E que dessa vez possa ser real.
Que tudo que eu imagine
Se concretize.
E fim.