diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Onde vou te encontrar?

Parece que o tempo parou.
Os relógios não têm mais ponteiros.
Estou no centro da roda da vida.
Parei naqueles dias.
Nos dias em que você esteve perto.
Teu braço, teu cheiro ainda estão em mim.
O tempo se arrastou até hoje.
E hoje ainda me parece ser aquele tempo.
Os poucos dias em que feliz eu fui.
E eu não avancei.
Meu sorriso morreu no teu adeus.
Todos os dias em pensei em ti.
Eu não sei mais sorrir.
Você levou consigo o meu sorriso.
A minha vontade, o meu desejo, o meu elã.
O meu sexo foi contigo.
Eu fiquei parado, olhando você seguir em frente.
Cá estou. Sem você, no meio do nada.
Olho ao redor e não te vejo mais.
E creio que não mais te verei.
Guardo o travo do teu beijo agreste.
Agreste como o teu lugar.
Quente como jamais outro beijo senti.
Sei, tenho quase certeza que não mais provarei dos beijos teus.
Embora ainda acalente no fundo do meu velho peito a esperança de um dia ter-te novamente.
Quando isto acontecer, se isto acontecer, será de novo o tempo em que todos os relógios terão ponteiros.
Será o momento em que a vida voltará a correr, o tempo passará.
E por fim terei de volta o meu sorriso.
Queria tanto poder sorrir outra vez, mirando teus pequenos olhos e teu sorriso tímido.
Volta, traz de volta o meu sorriso.
Devolve-me a minha vontade, o meu desejo, o meu elã.
Devolve-me o sexo.
Para que possamos arder de paixão até consurmimo-nos e mais nada importará.
Te espero, te aguardo, te anseio com as poucas forças que ainda habitam meu envelhecido e frágil corpo.