diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Você.

Você que nasceu antes de mim.
Eu que sou como uma cópia tua.
Como duas coisas tão iguais.
E ao mesmo tempo diferentes.
Erramos diferente por sermos parecidos.
E tão compridos e complexos.
Tão unidos pela alma.
Separados pelo espaço.
Te entendo como ninguém.
O mesmo acontece contigo.
Sabes tudo de mim.
E querendo consertar-nos,
remendando nossas vidas,
vamos por aí, quebrando partes
que ainda estão inteiras.
Colando outras.
E sem nunca aprendermos.
Trocando um pouco de mim
com um pouco de você.
E virce-versa.
Para, assim, quem sabe sermos mais simples.
Mais felizes com o que temos.
Aproveitando todas as ocasiões.
Os mais simples momentos da vida.
Como as gotas da chuva que nos pega.
Que o tempo não nos faça esquecermos-nos.
E mutuamente sigamos nos amando.
Ontem, hoje e sempre.

Crime e Castigo

Se é crime amar,
Que me prendam!
Sou culpado sim!
Amei, amo e amarei.
Sempre, despudoradamente.
Livre como uma bela ave.
Que cruza os céus,
livre e impunemente.
Se é pecado viver assim,
sou pecador com orgulho.
Se meu castigo é sofrer,
me resignarei.
Aguentarei calado todo o peso.
Pois não me arrependo de amar.
E que ninguém queira barrar meu caminho.
Eu sigo sempre solto e amando.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Amar

Para que se guardar?
Por que não amar?
Rasgar-se vertiginosamente.
Querer arder de paixão.
Sentir tudo mover-se.
O mundo parar.
E só existir aquele momento.
Olhos que se cruzam.
As mãos que se laçam.
Os lábios que se encostam.
E as almas que se fundem.
Este ato é vital.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Lua da Terra.

Céu da noite.
Bordado de estrelas.
Como tua saia branca.
A lua resplandece teu cabelo.
Já quase branco.
Tua luz própria é agora azul.
Como as águas que cantas.
O rio da tua vida cruzou o meu.
Minhas águas se acalmaram.
Ao som da tua voz.
Teu eterno em mim está presente.
Uma força sobera guia-te.
E tu me guias, como soberana que és.
Energia vermelha, de raios e trovões.
Ouro puro, brilhante como só ele.
Caminho dourado, caixinha mística.
Que mãos apontam tão certas?
Nenhuma, só as tuas.
Firmes, fortes, marcantes.
Passos leves, porém decididos.
Sabendo aonde vão.
Teus pés marcados em carmim.
Seguem adiante.
E me levas, sigo-te.
Sem medo.
Ao simples soar de tuas cordas vocais.
Tuas notas consonantes me envolvem.
E me tocam fundo na alma.
E eu adormeço.
E sonho.
Com as estrelas que descem do céu.
E vêm render homenagens a ti.
Uma lua que vive na Terra.
Um ser indecifrável.
Energia que paira sobre nós.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Rua Antiga

Há tempos que não passava por aqui.
Tudo continua igual.
As mesmas casas, os ladrilhos da rua...
Ainda consigo enxergar nas janelas,
Os mesmo corpulentos bustos,
Que espreitavam noite e dia os passantes.
Na pequenina casa verde, a porta ainda está quebrada.
No sobrado maior as cortinas ainda se movem.
Os telhados estão ainda cheios de lodo.
Faz tempo não chove.
Como nos tempos em que vivi aqui.
As calçadas estão irregulares.
As raízes das árvores quebraram-nas.
Casa de janela e porta, casa de porta.
Janelas largas, passagens estreitas.
Tudo como antigamente.
Ao fim da tarde todas as mães saem às portas.
Chamam seus filhos para o banho.
Não há mais nenhuma criança por aqui.
Todas cresceram.
Na velha casa de um rosa desbotado,
Eu vejo minha mãe, ela saí até a rua.
Olha de um lado ao outro, procurando-me.
Eu, mas, não o que sou hoje, vejo nos seus olhos,
Que buscam ansiosos pela minha volta.
Todo melado de lama, de tanto correr e brincar.
Ela chama meu nome.
Eu respondo, ela me olha.
Não me reconhece.
Eu não sou mais aquele moleque de tempos idos.
Olhando-me fixamente por ter atendido ao chamado,
Minha mãe reconheceu no fundo dos meus olhos,
Aquele menino levado, seu filho.
Mas como se não entendesse continuou chamando.
Então entendi, que todos naquela rua viviam no passado.
Nós, as crianças de antes trilhamos nossos caminhos.
Longe daquelas calmas e silenciosas casas.
Nossas vidas rumaram para o futuro.
Tudo ali permanecia como há séculos.
Aquelas mães ainda tinham, todos os dias.
A esperança que suas crianças retornariam, sujas,
Imundas, e elas lhe dariam banho, comida,
E as colocariam na cama.
Acalentando seus filhos, e fazendo-os sonhar.
Sonhos agora, só os delas, mães do passado.
Nós, filhos, já temos nossos filhos, e uma vida conturbada.
Que passa ao largo daquela rua antiga.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Desabafo.

Hoje me dói muito.
Sei que o tempo aplacará meu sofrimento.
Não me incomodo.
Sei que outras coisas acontecerão.
Que meus pensamentos mudarão.
Que durante séculos eu serei o mesmo.
Apenas novas feridas e cicatrizes.
Sei que não consegui amparar tua queda.
Mas estendi minha mão em ajuda a ti.
Quando estavas no fundo do poço.
Foi esse meu erro? Não o sei.
Sofrias e ofereci o meu ombro.
Para consolar-te.
E o que ganhei?
Só prestava enquanto estavas mal?
Acredito que foi isso.
Um dia, quando precisares de minha mão,
Não mais estarei lá.
Não por maldade, não por traição,
Mas por que o mundo me levará longe de ti.
Pelo menos até eu não mais sofrer.
Não sei o que pensas de mim.
Achas que eu me iludi? Que tudo confundi?
Não é? Tenho certeza que sim.
Talvez o tenha sido assim mesmo.
Mas, o que posso fazer?
Não consigo conceber tudo tão racionalmente.
Não nesse aspecto. E sofro, sofri, sofrerei.
De que me adiantaram tantas palavras amigas?
Quase nada. Não desfaço-me delas, não.
Apenas digo que não me tiraram as dores e cicatrizes.
Tu não tinhas o direito de surgir tão repentinamente em mim.
Não competia a ti absover-me tão rápido.
Envolver-me com tua lancinante beleza.
Tua despudorada atmosfera me tomou completamente.
Vivi repleto de ti, por alguns poucos momentos.
Imaginei um futuro, uma vida toda à frente.
Planos, apenas planos não realizados.
Passagens de sonhos não concretizados.
Sei que não valho muito. Mas amo.
E quando estou repleto de alguém sou mais.
Sou muito mais do que minah simples vida.
Um quase imortal.
Mas tudo é tão fulgás, passa ligeiro.
Como o tempo que corre implacável.
De que me adiantou tanta auto-confiança?
Tantos Pessoas, Clarices, Vinícius...
Apenas palavras jogadas ao mundo.
Sou um grito parado do ar.
O arquejante momento vivido.
Os beijos nunca mais sentidos.
As mãos jamais entrelaçadas.
As noites sem estrelas.
Fiz-me pó. Desintegrei-me.
Por ti, para ti. A ti.
Fui jogado no teu turbilhão.
Meu peito arde, pulsa incesantemente.
Como tudo internamente me queima,
Tenho que por fora, jogar nas letras tudo que sinto.
Não o que sou.
Afinal, ou que sou?
Nem sei mais.
Sou gente? Tu, tenho certeza, que não pensasses que eu era.
Me abriste o peito, enfiando-me uma adaga brilhante.
No sentido norte-sul. De cima a abaixo.
Deixando à mostra toda minha alma.
Sedenta de paixão recíproca.
Latejante de amor.
Viva, ainda, na esperança de um final feliz.
Como nos filmes que vimos juntos, nos livros que lemos.
E nada me sobrou.
Apenas estáticas memórias de passados longínquos.
Só te quero bem, cada dia mais.
Hoje te odeio, com a última centelha de vida que restou.
Um dia, quem sabe, voltarei a te amar.
A te querer junto a mim.
Com verdadeiros sorrisos de felicidade.
Ora não.
Não sei ser tão hipócrita a tal ponto.
Apesar de ser ator por natureza.
Não consigo estampar na cara um falso riso.
E fingir que tudo está bem.
Não, não está mesmo.
E digo-lhe mais, estou quase morto.
Sim, em tão pouco tempo, mas tudo dar-se assim.
Repentinamente, como os aplausos que nos afagam ao fim dos atos.
O meu ato final está perto, sinto.
Não me aflijo. Apenas lastimo.
Em ter que partir sem te dizer adeus.
Ou um até breve, logo.
Passas ao meu lado e não me vês.
Reduzi, sim, é verdade.
Sou, hoje, uma ínfima parte do que fui.
Se é que algum dia fui alguma coisa.
Se existi no mundo esqueceram de me registrar.
Como ser vivente do planeta.
Errei durante toda vida buscando um sentido para mim.
Tudo torto, torpe.
Uma mancha nas vidas.
Uma página escrita em rabiscos.
Que deve ser desconsiderada ao balanço final.
Todas as páginas das vidas pelas quais passei apagaram-se.
E não fiquei, nem marquei.
Quero destruir o que ainda resta no meu ser.
Não tenho vontade de comer, de viver, só choro.
E escrevo. Para que meus sentimentos (angústias) não me sufoquem.
Que eles possam respirar os ares que não me permitiram.
Os prazes que não vive. Não usufrui.
Avisos não faltaram. Nem faltarão no futuro.
Mas quem quer ouvi-los?
Só nos interessa ouvir o que queremos.
Não, não me arrependo de nada.
Viveria tudo outra vez.
Nem o bem, nem o mal eu apagaria.
Eu viveria tudo detalhadamente como vivi.
Pena que não podemos voltar atrás.
Não para mudar.
Arrependimento é coisa de covarde.
E eu sempre enfrentei a vida de peito aberto.
Louco, sei. Mas que vale passar e não amar.
E se amar é sofrer que eu possa sofrer muito mais.
Vão à merda os acomodados imbecis.
Que esperam o amor bater a porta.
Ou os imbecis que, como eu, ainda acreditam nesta,
Que é a maior mentira inventada por nós idiotas seres humanos.
O amor.
Ele não existe, reciprocamente.
Já passo a desacreditar que exista mesmo que não correspondido.
Nada é mais triste que essa certeza que trago no fim de minha vida.
Não tenho mais objetivo na vida.
Apenas desejo que o meu fim esteja muito mais próximo que o esperado.
E que eu não sinta o ar me faltar.
Que quando eu der por mim já não estou entre vós.
Entre tu e teus amores.
Que tanto me machucaram como agulhas enfiadas na minha carne.
Fico aqui sentado, traçando essas palavras nas linhas tortas das pautas.
Já quase sem respirar.
Sem qualquer animação.
Um espectro que rondou tua vida.
Por um curto período de tempo.
Só o tempo em que te servi de escoro.
Enquanto tu me precisaste.
Hoje quero a paz de morrer tranquilamente.
Sem levar o horror por que passei.
Sem memória de nada que vivi.
Um vazio completo me tome.
E eu me esvaia em sangue e dor.
Até a pontada final.
A última pulsação de um coração que tanto amou.
Mas, que nunca foi amado.
Não como eu queria.
Nem nunca o será.
Já que jaz no seio da terra.
Apodrece como todos que vão-se.
Um descanço eterno para minha tão esmigalhada alma.
Póstumo sentimento não carregarei.
Na escuridão do purgatório.
Estrelas apagadas e caídas ao chão.
Vou-me sem mais delongas.
Ao encontro do meu merecido.

Pra você.

Eu não presto.
Eu não valho nada.
Sou oco.
Vazio.
Que bocas murmuram meu nome?
Que mãos sentem a minha falta?
Que voz ouço?
Para onde vou?
Que caminhos busco?
Aonde estou?
Eu sou como, quando, por quê.
Eu sou nada.
E tudo ao mesmo tempo
Eu sou um corpo sem alma.
Sou uma alma sem vida.
Uma vida com morte.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Cansaço

Que palavras quero dizer?
Que sentimentos posso mostrar?
Tantas perguntas...
Resposta nenhuma.
Estou cada dia mais confuso.
Não sei mais o que pensar.
A quem devo dirigir-me.
Tanto andei, cansei.
Aqui, ali, em qualquer lugar
Que cheguei, não deu em nada.
Por isso parei. De procurar,
De andar, de existir.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Decidido.

Era dia, fez-se noite e ele chorava sem parar. A mãe já não sabia o que fazer ou dizer. Pensavam em mandá-lo ao estrangeiro. Estudar fora ajudaria a desfazer sua angústia. O menino tinha de 17 para 18 anos. Bem nascido, uma criança forte, não teve catapora, caxumba, nem sarampo. Era um verdadeiro touro. Mas o tempo foi passando... E ele cresceu. Quando tinha perto de 15 anos, estudava num colégio de padres, era obrigado a assistir missa todos os dias. Começou a ter febres matinais, que passavam depois do horário da missa. Formou-se no colégio. Abandonou os padres. Suas febres repentinas passaram. Ao cruzar os portais do internato. E sua mãe confirmou suas suspeitas. Causava ele próprio a febre, com alho, para não mais assistir as missas cantadas em latim. O seio familiar recebeu com afeto, fazia anos que não vivia diariamente com a família. Seu pai um rico empresário, rude, mas um homem de porte garboso, não o queria um dotourzinho qualquer, queria mandar-lhe à Capital estudar medicina ou engenharia. Ao saber da notícia chorou, afirmou que se mataria, não queria mais deixar os cuidados da afetuosa mãe. Não, definitivamente não queria mais deixar o lar. A mãe, que tanto sentira a falta do filho também não queria cumprir as ordens do pai. Tentou interceder pelo filho junto ao velho. Nada feito. Embarcaria no trem dentro de cinco dias para a capital. Nos dias que ainda permaneceu em casa definhou como uma planta sem água. Chorava noite e dia, dizia a mãe que se saísse daquela casa não voltaria vivo. A mãe acreditava que tudo não passava de espalhafato. Que em pouco tempo na capital se acostumaria e não mais quereria voltar ao interior. Chegou o dia do embarque. Lágrimas, despedidas, uma tristeza só. A família esperou para ver os resultados da viagem. Chegou a primeira carta, agradecia ao pai, a oportunidade de poder conhecer outra vida, uma vida agitada, com bondes, lojas de produtos importados, uma festa. Outras cartas se seguiram, todas no mesmo entusiasmo. Cada uma que contasse uma passagem fantástica de sua vida na capital. Até que seis meses depois chegou uma carta num envelope preto. Todos ficaram assustados. A mãe como de costume trancou-se no gabinete para lê-la. Ouviu-se, menos de cinco minutos depois um grito de dor. Abriu-se a porta do gabinete, encontraram-na desesperada. O pai correu para ler a carta. Seu filho contava que todas aquelas cartas contando maravilhas eram falsas, as havia escrito inventando todas as passagens, postou-as no correio, com uma ordem para soltá-las à família de quinze em quinze dias, ele ia matar-se, mas não queia que soubessem de imediato, a última deveria chegar seis meses do seu desembarque na capital. Ele na realidade já estaria morto, atropelado por um bonde. Enterrado como indigente. No fim da carta, agradecia ao pai por tê-lo mandado de encontro à morte. E assim cumpriu-se a sua ameaça. Não voltou à casa nem mesmo depois de morto.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Tentativa de Conto...

Amanheceu sem saber quem era. Olhou-se no espelho e urrou de horror. Via uma mulher que dizia na noite anterior estar apaixonada por si. Quase enlouqueceu. Não sabia que estava diante de si mesma. Apenas imaginava que aquela mulher refletida na superfície prateada queria tomar-lhe o corpo, percorrer seus caminhos com ardente desejo. Seus gritos eram ocos, não saiam. Fazia força, gemia, suava e não conseguia emitir nenhum som. Desistiu do desespero. Parou. Olhou a face refletida no espelho, pensou que aquilo era como que um portal mágico, e que aquela figura alí contida poderia a qualquer instante pular para fora de lá e cravar-lhe as unhas no pescoço. Já que não permitia que aquela mulher desconhecida lhe tivesse desejo e paixão. Ardia no horror de ter que dividir o mesmo espaço com ela. Correu dentro do quarto, como uma bêbado em volta do próprio corpo, não estacou um segundo durante quase duas horas. Suava, as janelas estavam fechadas. Seu penhoar estava ensopado de suor. Seus poros expeliam um suor salgado. Cansou. Caiu no chão sem forças, quase inerte. Do fundo de suas quase extintas energias mirou novamente o espelho, e a figura ainda estava lá, estampada, como um cromo de coleção, uma figura de álbum. Quis dizer-lhe palavra, estava ainda muda. Apenas gestos espasmódicos. Seu rosto se defigurava. O da mulher do espelho estava impassível. Começou a golfar sangue. Acessos de tosse lhe tomaram os fraco corpo. Golfou mais um vez. E caiu morta. Da sua cama um corpo se ergue. Acordava, olhava o espelho e via-se, sabia agora quem era. Tudo não passara de um sonho. Correu, aprontou-se, e seguiu no lotação para o consultório de seu médico. Enquanto aguardava a entrada pensou novamente no sonho. Já no consultório teve a notícia, que tanto temia, estava tísica.

Nova Dor.

Com que forças ainda amo?
Como uma fênix me levanto.
E atiro-me ao amor novamente.
E por isso sei que pagarei.
Sofrerei, chorarei. E um dia passará.
Queria ficar oco.
Insensível, como um pássaro morto.
Como um tronco seco.
Sem lágrimas para chorar.
Sem amor para dar.
Triste e só.
Imóvel, inerte.
Assim melhor seria.
Que sistematicamente sofrer.
Amando pessoas que não merecem.
Ou que eu não mereço.
Ao léu, alheiamente a minha vontade.
Inerentes a mim.
Coisas que acontecem fora do controle.
Amar e não correspondido ser.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Amor Estampado

Vem, despe-me com teus grandes olhos negros.
Faz-me sentir teu corpo no meu.
Teu peito de encontro ao meu.
Eu me doo. Tens-me em tuas mãos.
Sou como um filho teu.
Sangue do mesmo sangue.
Paixão do mesmo amor.
Compartilhamos os mesmo ar.
Vivemos sob o mesmo sol.
As folhas que me tocam são as mesma que as tuas.
Impregna teu cheiro no meu.
Me ensina tua língua.
Mostra-me teus caminhos.
Faz meu coração saltar como uma criança.
E assim, ficaremos.
Orgânicamente como um só ser.
Amo-te calma a silenciosamente.
Esperando teus olhos cruzarem com os meus.
E assim lerás o meu amor.
E morreremos juntos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Desato.

Desata teus nós.
Desfaz teus laços.
Liberta-te das angústias.
Sorri para o mundo.
Vê o nascer do sol.
Sente a brisa da manhã.
Envolve-te nos braços amados.
Acaricia a cabeça alheia.
Faz teu coração bater em compasso.
Una as mãos e saiam.
Mostrem, despudoradamente o vosso amor.
Verás então o verde das folhas mais vivo.
O céu azul intenso, sem nuvens pesadas.
Ama, simplesmente.
A vida fica mais leve.
Mais musical.
Desacelera tua vida.
Pára. Olha ao redor.
E vê o que importa.
As pessoas.
Os amores.
Sentimentos.
Bons momentos.
É o que nos vale.
É o que importa.
O que dá prazer e nos faz viver.