diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sábado, 17 de dezembro de 2016

Não há.

Cavou-se em meu peito uma sepultura.
Amores foram enterrados uns sobre os outros.
E que restou? Cinzas.
Quem amou fui eu.
E nunca recebi.
Quem amei, de fato e de direito eu amei.
E em troca o vazio.
Em meu peito cavaram, cavaram.
Um grande buraco se formou.
Cratera gerada pela ausência.
De corpos para amar, ausência de mãos que não me acariciaram.
Ausência de sexo.
No meu peito-cemitério reside o meu coração-sepultura.
Ah! Solidão que tanto me acompanha, és tu, serás tu, minha eterna companheira.
Em mim, de mim, pouco restou.
O oco, o eco.
Vazio, tristeza, derradeiros sopros de uma vida se derramamento, de arrebatadoras paixões.
Violentos sentimentos que destroçaram body and soul.
Onde cavarei minha última morada?
Em que peito-cemitério serei enterrado?
Terei direito ao descanso em solo sagrado?
Em que corpo santo serei sepultado?
Dêem-me o descanso eterno.