diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Grito da razão.

Tudo faz sentido quando não é sentido.
Quando é sentido tudo é irreal.
Ilusórios momentos de afeto e gratidão.
E o amor parece ser vivido.
Vívido e forte.
Laços que se rompem ao sabor do primeiro vento.
O vento que horas ajuda ao voo.
Mas ao seu rompante mais forte também derruba.
Queda livre do amor.
A loucura que nos toma o corpo.
Estremece a alma fraca e ansiosa.
Nada é real.
A secura do coração é o verdadeiro.
O silêncio, a escuridão e a solidão.
Isso é a realidade.
As estradas verdes e os caminhos tranquilos, não.
Secou.
A última lágrima, a grama, o chão.
Os leitos de rio estão mortos.
Como peitos de mãe que não pingam leite.
Mesmo com a vontade do filho que chora.
É pedra, quente.
Seixos que rolam, rolam, rolam...
Brisa morna.
É o tempo que prenuncia as torrentes que virão.
Tudo começa a fazer sentido.
É a razão que grita.
Ouça-a.
Esqueça tudo, é uma pequena ilusão.
Grão de areia irreal.
O amor nunca existiu.
Nem existirá.
Invenção dos ociosos, desocupados, boêmios e poetas.
Loucos em seus delírios evanescentes.
Éter com seu forte cheiro que se desmancha no ar.
Findo.