diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 6 de abril de 2014

O que restou?

O que restou?
A porta está fechada.
Findou-se a festa.
O silêncio reina.
O que restou de mim?
A alma tranquila, hoje.
O coração endurecido.
Meus olhos já sem o mesmo brilho de antes.
A pele sem o mesmo viço.
O vício de fumar, não abandonei.
E aqui cheguei, onde não sei.
Onde a vida não é mais a mesma.
Cinza, as cores pálidas, mortas e frias.
Como minhas mãos, já sem vida.
O que restou de nós?
A saudade.
Uma velha foto já se apagando.
Um nome, uma lembrança de um perfume.
O copo já vazio.
A cadeira no canto, sem teu calor.
E findo o amor.
A velha canção do Jobim que falava de um novo amor para acalmar corações sofridos, ainda toca.
Os caminhos já se descruzaram há tempos.
E seguimos.
Mas o tempo passou.
Eu ainda me lembro, tu, acredito, que não lembres de mais nada.
E eu te pergunto: O que te restou?
Já não sei se ti, de teus caminhos, de teus amores, tuas alegrias.
Não sei mais quem és, o que te tornastes.
Eis o que nos restou: a distância.