diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sábado, 24 de abril de 2010

Pouco Tempo.

Eu não tenho tempo de sobra. Tenho o tempo exato para o que me é necessário. Não me faça perder tempo com coisas que não são necessárias. Não procure-me. Esqueça de tudo. Do que já foi vivido, do que já passou. O meu tempo é medido, não quero perdê-lo. Não contigo. A minha vida já me consume todo o tempo que tenho, não posso viver tua vida. So me interessa ser feliz. Isso você não poderá me fazer, não mais. Tudo acabou. Só ficou a lembrança. Num passado esquecido numa gaveta qualquer. E, hoje eu vivo livre. Sem amarras, sem nada que prenda. O teu amor me sufocou. Não se pode viver sem ar. Preciso respirar, ares novos, puros. Não mais aquele ar pesado que respirava ao teu lado. Passou. O céu se abriu, as nuvens negras se dissiparam. O meu viver é muito mais fácil e forte, a fragilidade, o sofrimento ficaram amarrados em ti. Prendendo teus pés, não permitindo que seguiste em frente. Preso à um tempo que já não existe. O tempo que era de sobra. O excesso do tempo. Hoje tudo é contado, medido, justo. O meu tempo é exato para mim.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vontade

Uma leveza que eu não tenho.
Sopro forte que suspende tudo.
O ar, voando sempre.
Malabarismo com as palavras.
Instantâneos do cotidiano.
Recortes das vidas.
Paisagens urbanas.
Personagens reais.
Sentimentos humanos.
Desejo, sexo.
Pluralismo (in)consciente.
Eu queria ser assim.
Escrever desta forma.
Sem amarras.
Com a alma tranquila
E feliz.
É tudo.

domingo, 18 de abril de 2010

Como?

Não me peça felicidade.
Isso eu não posso te dar.
Não exija que eu te solucione.
Sou muito pequeno para isso.
Não queira resolver o mundo.
Ele é assim, confuso.
Não, eu não vou me zangar com você.
Fale, escutarei.
E te amarei sempre.
Apenas não pense muito.
Não se perca em divagações.
Viva.
Sem medo. Livremente.
Não me peça facilidade.
A vida é cruel.
É crua.
Se tudo fosse fácil que graça teria?
Essa montanha-russa é o interessante.
Não, não tenho todas as respostar por que procuras.
Eu tento, mas está além de mim.
Não me peça alegria.
Pois, até eu sou triste.
Apenas quero te fazer feliz.
E não sei como.
Ainda, ainda não descobri.

Comum

Eu sou um pessoa comum. Simples.
Caminho como todos os mortais.
Não me ponho em posição superior.
Nunca o quis.
Sou rasteiro. Pés fincados na terra.
Não me perco em pensamentos.
Objetivo.
Tenho meus erros, todos temos.
Sou humano. Normal.
Como todo e qualquer ser.
Às vezes sou planta, noutras animais.
Sou mesmo comum.
Lugar e pessoa.
Sou assim.
Sem muito ter nem para que.
Eu.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sã consciência.

Quando se quer falar, nada se diz. Muitas vezes nada se tem para dizer. Melhor calar. O tempo de tudo se encarrega. Espalha, separa, junta, cola, faz, desfaz, refaz. O mundo não para. Por mais que queiramos. Ele segue imponente o seu rumo. Sem pressa. Para me olhar no espelho e ver que tudo é permanente, neste e em outros mundos. Mudam apenas as gravidades. Mantém-se o resto. Um fluxo contínuo que nos sai do peito, pulsante. Pensamentos desconexos, mas juntos. Eu não penso há um bom tempo. Não paro pra pensar em mim, nas minhas coisas. E tudo corre frouxo, à revelia. Eu preciso tomar pulso, retomar as rédeas do meu coração. Controlar as emoções. Diminuir as explosões, as mudanças de humor. Ser mais recional. Esquecer o passionalismo. Concluindo. Devo mudar. Devo? Não sei. Sempre estive assim. Vivendo numa corda-bamba, beirando o abismo. Num toverlinho mundano. Mereço ser seco como árvore velha? Devo assim ser. Para crepitar nas noites vazias e solitárias. Para não mais sofrer. Para não me doer mais. Assim, calmo. Como um lago nas noites de lua cheia. O vento sopra forte, canta nos galhos das árvores frondosas, diferentes de mim. Galho velho, sem folhas. Vai tua vida. Segue cantando e sorrindo. Que eu fico. Cá. Quebrando-me, em pensamentos tristes e sombrios. Tronco rouco num campo verde. Até que o sol me queime. Carvão. Serventia final de minha vida. O melhor que eu pude fazer de mim. Quanto tempo ainda resta? Para que tudo se finde em mim e no mundo? Eu não poderia dizer. Aos sóis e luas eu resisto, ainda. Até quando não quero nem saber. Vai minha vida, pássaro descontente. De canto sofrido e marginal. Ave nua. Voando nos céus despudorados de um mundo caótico. Ondem ninguém mais olha para o outro. Fecham-se em suas próprias cascas. Esquecendo do primeiro sentimento. O amor.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sobre o tempo e o fim.

E pensando sobre o tempo percebi que nunca aprendi a lidar com ele, não sei sair bem de despedidas, me sinto totalmente desconfortável. É inútil querer que tudo dure eternamente. Muitas vezes as coisas e as pessoas se acabam no auge. Provavelmente para não se verem desgastadas, poídas é melhor que seja assim. Ficará uma lembrança boa. Eu não consigo. Talvez um dia, eu saiba como me portar diante disto. Não sofrer. Não sentir. Hoje, ainda, não sei. O tempo é assim. Ele nos envolve e quando nos damos conta, já foi. Passou. E findou-se. É esse o princípio da vida. O começo, o meio, o fim. E então eu me sempre me pego pensando sobre este sentido da viver. Tudo vai se acabar. Pra que tanto sacrifício? Vamos como barcos à vela, à vontade do vento. E só.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esquecido.

Estar relegado ao fundo de uma gaveta, às vezes é condição sine qua non, para mim.
Ficar esquecido num canto de sala.
Escondido, num canto recôndito.
Absolutamente esquecido.
Obsoleto objeto antigo.
Não peça rara de museu.
Tralha. Sim.
E saber porta-me é necessário.
Silencioso.
Longe de escândalos.
Subserviente aos outros.
Olhos baixos. Jamais fitar o superior.
Aceitar, calado, o que me cabe.
A minha inferior posição.
Deixado para depois.
É assim.
Até quando eu assim quiser.