diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa
terça-feira, 13 de abril de 2010
Sã consciência.
Quando se quer falar, nada se diz. Muitas vezes nada se tem para dizer. Melhor calar. O tempo de tudo se encarrega. Espalha, separa, junta, cola, faz, desfaz, refaz. O mundo não para. Por mais que queiramos. Ele segue imponente o seu rumo. Sem pressa. Para me olhar no espelho e ver que tudo é permanente, neste e em outros mundos. Mudam apenas as gravidades. Mantém-se o resto. Um fluxo contínuo que nos sai do peito, pulsante. Pensamentos desconexos, mas juntos. Eu não penso há um bom tempo. Não paro pra pensar em mim, nas minhas coisas. E tudo corre frouxo, à revelia. Eu preciso tomar pulso, retomar as rédeas do meu coração. Controlar as emoções. Diminuir as explosões, as mudanças de humor. Ser mais recional. Esquecer o passionalismo. Concluindo. Devo mudar. Devo? Não sei. Sempre estive assim. Vivendo numa corda-bamba, beirando o abismo. Num toverlinho mundano. Mereço ser seco como árvore velha? Devo assim ser. Para crepitar nas noites vazias e solitárias. Para não mais sofrer. Para não me doer mais. Assim, calmo. Como um lago nas noites de lua cheia. O vento sopra forte, canta nos galhos das árvores frondosas, diferentes de mim. Galho velho, sem folhas. Vai tua vida. Segue cantando e sorrindo. Que eu fico. Cá. Quebrando-me, em pensamentos tristes e sombrios. Tronco rouco num campo verde. Até que o sol me queime. Carvão. Serventia final de minha vida. O melhor que eu pude fazer de mim. Quanto tempo ainda resta? Para que tudo se finde em mim e no mundo? Eu não poderia dizer. Aos sóis e luas eu resisto, ainda. Até quando não quero nem saber. Vai minha vida, pássaro descontente. De canto sofrido e marginal. Ave nua. Voando nos céus despudorados de um mundo caótico. Ondem ninguém mais olha para o outro. Fecham-se em suas próprias cascas. Esquecendo do primeiro sentimento. O amor.
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4 comentários:
"Tronco rouco num campo verde."
Bom de ler isso. Queria ter escrito essa frase. Gostei do fluxo de pensamentos desse post. Abraço, amigo.
felizmente ou infelizmente, o tempo de tudo se encarrega!
Leitura agradável!
Ficou bem legal o texto. Só um pouco pessimista, mas eu curto teus textos nesse estilo.
Abraços!
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