diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Esquecido.

Estar relegado ao fundo de uma gaveta, às vezes é condição sine qua non, para mim.
Ficar esquecido num canto de sala.
Escondido, num canto recôndito.
Absolutamente esquecido.
Obsoleto objeto antigo.
Não peça rara de museu.
Tralha. Sim.
E saber porta-me é necessário.
Silencioso.
Longe de escândalos.
Subserviente aos outros.
Olhos baixos. Jamais fitar o superior.
Aceitar, calado, o que me cabe.
A minha inferior posição.
Deixado para depois.
É assim.
Até quando eu assim quiser.

4 comentários:

Elilson disse...

Doce melancolia.
É legal quando falamos de nós mesmos e o leitor ao ler, se sente um interlocutor ou sente que sua própria condição, sua auto-melancolia foi encarnada por um outro alguém que a transforma em palavras. Palavras paridas.
Pois é, identifiquei-me.
Que sejamos "esquecidos" até o momento em que quisermos. Estejamos em qualquer condição até o instante que decidirmos levantar os olhos e fuminar o "superior".

Hermínia Mendes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hermínia Mendes disse...

"Obsoleto objeto antigo.
Não peça rara de museu.
Tralha. Sim."

Rasteiro, doloroso... me identifico muito com o que tu escreve, moço.
Mas sejamos esquecidos até quisermos.

Karol Melo disse...

Por mais que as pessoas queiram ser esquecidas, sempre tem alguem que lembra demais delas.