diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 10 de novembro de 2019

A queda.

Eu não desejo somar.
Sempre quis dividir.
Pois tudo que há em mim é demais.
Que tanto há em mim?
Sou todo amor.
E ao mesmo tempo sou muita ausência.
De tanto que amei.
De tanto que não me amaram.
Quando tudo passa a ser nada.
Quando o preenchido passa a ser o vazio.
Os braços que não te envolvem.
Os pés que não caminham juntos.
Os olhos que não vêm juntos o tempo passar.
Não envelheceremos juntos.
Não dividiremos o mesmo leito.
Não, não compartilharemos nada.
Pois sempre fui eu.
Eu que sempre estive.
Saltei no abismo, como sempre fizera.
Sem redes, sem amarras, sem proteção.
E no átimo de segundo que o voo deixou de ser voo e encontrei o solo tu percebi.
Me dei conta que tudo fora ilusão.
Que realmente nunca estivestes lá.
Tudo foi um delírio meu.
Tudo não passou de uma mera projeção do meu inconsciente.
E neste instante tudo se transformou.
Passei a ser completamente vazio.
E findo.