diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 27 de novembro de 2022

Caminhos Descruzados

Coloco um disco para tocar.
Escolhi uma velha canção de amor.
Gal, com sua doce voz, dá agudas notas de uma canção de Jobim.
Olho pela janela e vejo o céu repleto de estrelas.
Minha dose se acaba, preparo outra.
O piano da gravação desfia uma linda harmonia junto com cordas muito bem arranjadas.
A letra da canção fala em corações cansados.
Meu coração já está tão cansado.
Bate compasadamente fraco.
Mas a vida não é como na canção.
O meu velho coração já não vai mais encontrar outro coração cansado.
Esse novo amor não mais chegar.
Você não vem.
A mim, só me resta chorar.
Eu que tantas vezes tentei, eu que inúmeras vezes amei.
Já não haverá um novo amor.
Não mais caminhos cruzados.
Sem tempo para novas chances.
Eu fui sempre um tolo.
Acreditar no amor, amor quem ninguém pode explicar.
Saudade que não vai se apagar.

Te amar demais

Que esperar da vida sem você?
O tempo é morto, a vida é fria.
Já não sei que rumos tomar.
A estrada é infinita?
Finito é tudo.
Sei que o tempo de amar já passou.
Sei também que já não serei amado.
Como nunca o fui ao longo desta triste estrada cinzenta.
Contemplei o amor alheio e tudo aqui me roeu a alma.
Alma que um dia esperançou um doce e terno beijo.
Um envolvimento quente de um abraço amoroso.
Um pequeno afago de mãos cálidas.
E o que tive?
A distância, a frieza, a indiferença.
Tão forte e lancinante como um aço frio de um punhal brilhante de prata.
E só.
Nada mais. Nada.
Busco teu corpo e já não estás aqui.
Tento recordar teu cheiro mas ele também já se evolou nou ar.
Perdeu-se no tempo. Como eu me perdi nas escolhas que fiz.
Arrependimentos, hoje, posso dizer tê-los.
Mas não podemos dar marcha à ré.
Os intantes da vida não serão nunca capturaveís.
Teu amor jamais me pertenceu.
A tua indiferença esta me foi completamente devotada.
Mas mesmo assim não te tenho rancor.
Vejo-te ainda com ternura e carinho.
Este é o meu mal, o de te amar demais.