diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O tempo da Senhora Menina.

Quando chegou, ainda menina, pisando levemente, despudoradamente.
Cantou, queimou como árvore seca, as agruras de um sertão longinquo.
O tempo foi tornando-a mulher.
Dramática dona de cena, uma cena muda.
Voou alto, como um pássaro proibido, num vôo da manhã.
É uma pedra rara, um talismã.
Guarda na sua tez morena as histórias de sua terra.
Os sambas-de-roda, riscados nos pratos de louça.
Disse Pessoa, como jamais ouvimos antes.
Sonhava em ser Adela.
Pulou de vários trampolins durante a vida.
Hoje, uma senhora, tão diferente e igual àquela menina.
A menina que ainda reside no seu interior.
A criança que se chama instinto criador.
É assim, tão simples, tão soberana, tão rainha.
Dissonante voz feminina.
Ave de rapina, abelha de doce mel.
O tempo marcou tua face com graves sulcos.
Teus cabelos muito mais longos que antes perdem a cor.
Teu semblante é muito mais sereno que outrora.
A voz, a cada dia mais macia.
Curtida como vinho antigo.
Tua estrela reluz sobre nós.
Esse brilho jamais se apagará.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

poema

a pena e a tinta.
as palavras.
sentimentos expostos.
e só.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Adaptações.

Pois que de terra árida se faça brotar tudo.
Como a voz vibrante que nasce da garganta.
Que de onde não se espera surja muito.
Os amigos também podem ser amores.
Sentimentos mudam, como as pessoas.
Hoje não é igual a ontem e ao amanhã.
A vida nunca pára, roda-gira, não estática.
Sempre mutante.
Fascinantes momentos aparecem.
Numa velocidade de luz.
E somem de forma igual.
Não que tudo deve ser desregrado, não.
Apenas não sejamos tão fechados.
Maquinalmente programados.
Flexibilidade existe.
E isso é o que deve importar.
Adaptações são necessárias e boas.
Terra seca brote flores belas e duradouras...

domingo, 16 de novembro de 2008

Divagações Resumidas

A vida é um círculo vicioso.
As coisas vão e vem.
As pessoas passam e voltam.
Os amores de antes ressurgem.
E nós não nos damos conta.
Quando o passado retorna é divertido.
E assustador ao mesmo tempo.
Tenta-se corrigir os erros anteriores.
E acaba-se cometendo-os novamente.
Eu não sei bem ao certo o que me espera.
Muito menos o motivo de estar dizendo estas palavras.
Elas brotam de meu pensamento como flores de jardins antigos.
Aqueles que alcancei e apreciei quando ainda era um menino inocente.
Em meu tempo de criança pensava que o mundo não tinha fim, era infinito.
E, hoje, eu bem o sei que não é tão assim quanto parece ser, é grande.
Mas, não é infinito, há pontos de partida e de chegada, destinos.
Caminhos muitas vezes tortuosos, diversos.
Há momentos em que qualquer um quer deixar tudo.
Partir para horizontes distantes.
Eu não sei mais nada sobre o que sabia.
Não sei nem qual o motivo que me levou a falar hoje.
E divaguei sobre vários aspectos da vida.
Quando simplesmente eu queria dizer que ainda te amo.
Que meu amor foi apenas interrompido, por um tempo.
Ficou adormecido no meu peito, como um dragão dos contos medievais.
Pois eu soube a hora de me recolher, sair de cena. Deixar-te livre para teus amores.
E eu calei-me na escuridão do meu ser. Mas, hoje, sinto que te posso dizer:
Eu te amo.