diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sábado, 27 de março de 2010

A ave, a caixa, a casa, o quintal...

No quintal daquela casa azul e branca.
Um terreiro grande.
Há um periquito, amarelo e verde.
Enterrado numa caixa de perfume.
Me veio a lembrança instantânea.
Da minha memória de criança.
Naquela caixa, verde com uma flor rosa.
Foi sepultado o pobre pássaro.
Assassinado por sua companheira.
A periquita, azul e branca, com manchas cinzas.
Como a casa, hoje, abandonada e suja.
Tive vontade de entrar naquela casa novamente.
Rever os cômodos.
As grandes janelas.
A cozinha arejada.
O terreiro.
Buscar a pobre ave sepultada.
Uma ânsia do passado.
Frescor da infância.
Me senti de novo pequeno.
Quase do tamanho da última morada do pássaro.
Que não mais cantou.
Nunca mais.

2 comentários:

Karol Melo disse...

Nossa, esses dias eu também estava lembrando da minha infância. :D

Abraços!

Hermínia Mendes disse...

Que triste...! Lembrar logo da ave enterrada no quintal da casa de infânica... Já tive duas. As ententerrei no mato e na minha memória.