Há tempos que não passava por aqui.
Tudo continua igual.
As mesmas casas, os ladrilhos da rua...
Ainda consigo enxergar nas janelas,
Os mesmo corpulentos bustos,
Que espreitavam noite e dia os passantes.
Na pequenina casa verde, a porta ainda está quebrada.
No sobrado maior as cortinas ainda se movem.
Os telhados estão ainda cheios de lodo.
Faz tempo não chove.
Como nos tempos em que vivi aqui.
As calçadas estão irregulares.
As raízes das árvores quebraram-nas.
Casa de janela e porta, casa de porta.
Janelas largas, passagens estreitas.
Tudo como antigamente.
Ao fim da tarde todas as mães saem às portas.
Chamam seus filhos para o banho.
Não há mais nenhuma criança por aqui.
Todas cresceram.
Na velha casa de um rosa desbotado,
Eu vejo minha mãe, ela saí até a rua.
Olha de um lado ao outro, procurando-me.
Eu, mas, não o que sou hoje, vejo nos seus olhos,
Que buscam ansiosos pela minha volta.
Todo melado de lama, de tanto correr e brincar.
Ela chama meu nome.
Eu respondo, ela me olha.
Não me reconhece.
Eu não sou mais aquele moleque de tempos idos.
Olhando-me fixamente por ter atendido ao chamado,
Minha mãe reconheceu no fundo dos meus olhos,
Aquele menino levado, seu filho.
Mas como se não entendesse continuou chamando.
Então entendi, que todos naquela rua viviam no passado.
Nós, as crianças de antes trilhamos nossos caminhos.
Longe daquelas calmas e silenciosas casas.
Nossas vidas rumaram para o futuro.
Tudo ali permanecia como há séculos.
Aquelas mães ainda tinham, todos os dias.
A esperança que suas crianças retornariam, sujas,
Imundas, e elas lhe dariam banho, comida,
E as colocariam na cama.
Acalentando seus filhos, e fazendo-os sonhar.
Sonhos agora, só os delas, mães do passado.
Nós, filhos, já temos nossos filhos, e uma vida conturbada.
Que passa ao largo daquela rua antiga.
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