O medo está entre o ir e vir.
E permanecendo estático, imóvel, não se tem medo.
A vida prescinde de medo.
De mover-se, adiante, atrás. Movimento.
O medo é impulso algumas vezes.
É amarra em outras.
Sair do lugar é fundamental.
Ao abrir-se a garganta dourada e a grave voz emitir os primeiros sons eu já não tenho medo.
Tudo muda, transmutação da minha letargia.
Em todos os segundo de minha inexpressiva existência é a voz que me impulsiona.
Não ao silêncio da garganta dourada.
A voz, a música, a tradução do meu ser em toda sua simplicidade.
Grandeza nunca alcançada, energias cósmicas.
Meu medo sumido, camuflado.
Viro-me, mexo-me, sigo.
Rumo ao desconhecido, ao novo, simplesmente guiado pela voz.
A voz.
Aquela voz, de ontem, de hoje, de sempre, para todo o sempre.
Peito rasgado e coração pulsante.
Sentimentos que ouso experimentar, que nunca foram planejados.
Eu vou.
Cabeça erguida, de cara para o novo tempo.
E lá vou eu.