É o vão. É o breu.
O silêncio. A brecha.
O buraco. O fosso.
O mais profundo dos profundos.
É o chão.
O sem fim também.
A escuridão da alma.
O que me assombra, o que me assusta.
É o nada. É tudo retumbando dentro de mim.
O que não se pode falar.
O que não se pode ver.
O que se pode apenas sentir.
É o centro. É o ventre de minhas dores.
A mãe-pai de meus amores.
O músculo incessante. Incansável.
Emoldurado pelo peito. Aberto.
É o que me mantém.
O cerne do meu ser.
A fagulha divina.
É o mar e a terra.
É ele.
O relógio que nunca para.
Sentido.
Dolorido.
É o começo e o fim.
Aquilo de que não posso me apartar.
As entranhas da carne dura.
É o miocárdio.
É ciência. É poesia.
É pura sapiência e bruta ignorância.
Quem ama e odeia.
O que guarda. O que esquece.
E sempre bate.
Sempre.