O meu corpo é livre.
Mas dentro dele habitam medos.
Em meu corpo vive uma alma aprisionada por pele, músculos, ossos.
Uma prisão orgânica.
Dentro do peito, preso, pulsa um coração.
Que mesmo aprisionado é cavalo solto nos prados.
Galopeia desembestado nos verdes campos.
O meu coração é dentro, mas quer ser fora.
A alma que se espraia por toda minha extensão corporal é sufocada por este mesmo corpo que é refúgio.
Seu alento e seu algoz.
Nesta prisão a minha 'anima' espera o dia de sua libertação.
O grande dia de sua soltura.
Quando cruzando os portais dessa assombrosa cadeia estará definitivamente liberta.
Quem sabe, talvez, a mão que acarinha tome decididamente um instrumento qualquer e de súbito adiante esta libertação.
Liberará a alma deixando uma prisão desocupada, que em pouco tempo se deteriorará e não mais será habitada.
E enfim deixarão de existir os grilhões que tanto fazem a vida pesar, que fazem-nos arrastar o seu peso deixando vincados os sulcos na terra.
Não haverá mais o medo.
E tudo será imensidão.
Tudo será leve, será infinito.
Livre.