Passa.
De ano em ano.
Tão igual.
Diferente também.
O nome é o mesmo.
O teu sorriso é mais bonito.
Teu cheiro é doce.
Teu corpo macio. De pelos delicados.
Emaranhados os dois.
Numa cama furtiva.
Nossas pernas dançam.
Teu jeito manso, delicado.
Rapidamente nos vemos.
Intensamente vivemos.
Te vais.
Eu fico.
Dentro de um ano nos veremos outra vez.
Será tudo igual?
Sei que não seremos mais os mesmos.
Menos cabelos, mais pelos brancos.
Não temos o privilégio de vermo-nos envelhecer diariamente.
Quando nossos olhos se reencontrarem tomaremos um susto.
Rapidamente notaremos que já não somos como há um ano atrás.
Que muito chão se passou entre nós.
Os beijos, os carinhos, o desejo, estes permanecerão.
Meu trem lindo.
Trem que segue para as Minas.
Eu estarei cá, no porto.
Atracado como um velho navio, cansado de guerra.
Em pouco menos de um ano teus trilhos chegarão novamente ao porto.
E tudo será festa.
Mesmo que tua parada seja ligeira.
O sol iluminará nossas mãos dadas.
E mais uma vez seremos só nós dois.
Vai, trem.
Saibas que quando voltares estarei de braços abertos como o mar para te receber.
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