diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 12 de janeiro de 2025

Beijos de um calor de sonho de verão

Teu beijo no meu beijo.
O primeiro acendeu a chama.
O segundo indenciou os corpos.
Com os corpos colados.
Teu calor no meu calor.
Nossos braços enleados.
Os desejos ardendo em brasas.
Aos ternos toques tudo acende.
E nos consumimos em beijos.
Quentes e úmidos como um sonho.
Um sonho quente de uma noite de verão.
Beijo que já não é meu ou teu.
É um beijo nosso.

 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

O banquete.

Os amores mais lembrados são sempre os irrealizados.
Parece-me que a memória só quer guardar sofrimentos.
Sangram eternamente as feridas.
Estive posto à mesa como animal abatido em caça.
Abriram-me o peito e expuseram minhas entranhas.
E o que viram?
Apenas o meu coração.
Nada mais havia dentro de meu corpo.
Fizeram um banquete com minha carne.
Lambusaram-se com meu sangue.
E partiram.
A cada novo jantar pouco sobrava.
Dos restos reerguia-me.
Tentando estancar o sangue das chagas.
E recém elas saravam novamente era caçado.
Abatido devorado e consumido pelo amor.
Amor que nunca foi completo.
Nunca se deu inteiro e realizado como eu.
Apenas servi.
Cegamente servi ao amor.
Aos amores.
Aos passantes.
Aos que fingiam, mentiam, diziam palavras falsas.
Mas não me arrependo.
Não olho para trás com mágoa.
Aprendi que o tempo leva para longe tudo.
E todos.