diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 21 de setembro de 2008

Não mais como antes

Eu que nunca quis ser normal.
Nunca o consegui, eis a verdade.
Se é que verdade existe.
Eu que sinto tanto, sempre, muito.
Nunca quis impressionar, apenas vivia.
E não sonhava ser tão ridículo.
Quão imbecil fui?
A vida passou.
O tempo criou asas.
Eu já nem sei se existo.
Fico triste, mas não choro.
Já não sei nem chorar.
Me pergunto até se ainda sinto.
Sentir o que?
Só sinto saudades, de pessoas, de momentos.
De sentimentos passados, se vidas antigas.
Eu não quero mais viver.
A vida não vale, as pessoas são tão poucas,
as que valem.
E querer não é mais poder.
Poder é estar em cima.
E ninguém perdoa o diferente.
Os excêntricos são ruins...
Eu não quero mais escrever.
As palavras secaram em mim.
E eu ainda tenho tanto para dizer.
Contar de amores passados, de coisas sofridas.
Mas não dá.
O tempo acabou.

Um comentário:

rebeca s j disse...

Se você se entristece, ainda que não chore, acho que o tempo não acabou.

Nada é como antes, um segundo passa e tudo muda no mundo.
É só que todos nós temos altos e baixos, recordações lindas dos tempos em que tinhamos mais esperança, mais inocência, tempos em que tudo era mais novo, talvez.

"Os excêntricos são ruins..." E eu espero que eles não morram por causa disso, espero que ninguém morra por causa disso. Todos fomos imbecis, todos erramos. Acho que um grande desafio da vida é perceber a imperfeição nas coisas e ainda assim aceitá-las e amá-las. Era assim antes de chegarmos aqui, neste mundo onde as horas às vezes se arrastam e o tempo às vezes passa rápido demais por nós.

Decepções sempre hão de existir, meu caro, mas acho que a desilusão deve ser só um estado, porque sempre há amor em nós.
Nunca desista desse amor, de ser diferente e excêntrico e de limpar a vista para ver o tanto de beleza que há no mundo. Não estávamos errados quando vimos antes.

De coração.