diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 27 de dezembro de 2009

Lucidez, desatino.

Ah gelada, calada, cilada.
Silente, em que caí.
E me mantive assim.
Em plena lucidez.
Numa imensa avidez pelo fim.
Até que veio a mim.
Em surdina, aquela menina.
De olhos tristes, de dedo em riste.
E me disse: "Eu te amei".
Aí eu calei, mais uma vez.
Num acesso de loucura.
Súbita tontura, alta bravura e doce ternura.
Afoguei-lhe as palavras com um longo beijo.
Quando virei-me percebi que o mundo havia parado.
Tudo imóvel.
Só nós dois nos movíamos.
Aquele rosto branco, de pó-de-arroz.
O corpo cheirando a alfazema.
O vestido roto, cobrindo um corpo em broto.
Uma sensação de alegria.
Energia que se movia entre nosso corpos.
Ela se soltou de mim.
O mundo voltou a girar.
E tudo caiu mais uma vez na banalidade.
Um infinidade de coisas aconteciam ao nosso redor.
Não éramos mais o centro de tudo.
Enfim, tudo acabou.
E vi que tudo era sonho.
Recuperei a realidade.
Nua, crua.

Um comentário:

Karol Melo disse...

Sonhar é muito bom. Se pudesse passaria minha vida dormindo e sonhando, pelo menos em sonhos tudo pode acontecer e nada é planejado.

Abraços!