diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Quando

Quando for silêncio terei saudade do barulho.
Quando for velho terei saudade da juventude.
Enquanto estou aqui não sinto nada.
Vivo.
E isto me basta.
No presente do presente estou atento para que no futuro o que presente seja uma memória do passado.
Na eterna expectativa do que virá.
Do devir que é agora.
E já não é o instante em que escrevia a linha anterior.
Os versos saem.
E o futuro se concretiza no papel.
Quando comecei este traço era futuro.
E agora já é passado.
O instante incapturável é o fugidio estado presente.
Que efetivamente não existe.
Ele é transitório e efêmero.
Como nós também somos transitórios.
Pois amanhã (futuro) posso já não ser.
E o que é o quando?
Se nada é de fato estanque e imutável.
Eu sei.
Já não me peça explicações.
Sinta.
E quando for, assim, será.

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