diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Ventania

A F.N.



Abri a janela e te deixei entrar.
Você veio brisa.
Morna brisa de verão.
Cheirava bem, muito bem.
Te deixei arejar todos os recantos de minha alma.
Aberto para que você entrasse estava meu coração.
Calmamente ocupastes todos os meus cômodos.
E eu era cheio.
Refrescado pela tua brisa.
Não sei em que momento tudo virou.
O tempo fechou.
E de repente eras ventania.
Tufão, tornado, furacão.
E saiu.
Batendo as janelas.
Bagunçando a minha alma.
Transtornando minha paz.
Descabelando. Jogando ao chão tudo que estava em ordem.
Olhei e te vi distante.
Longe, longe, tão longe como se nunca perto antes estivestes.
Fiquei, remexido, desordenado.
Janelas estão hoje fechadas.
Tento por ordem na casa.
Na vida.
Na alma.

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