diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa
sexta-feira, 13 de março de 2009
As formigas são educadas...
Ontem enquanta fumava o último cigarro da carteira, me peguei pensando no sentido da continuidade das coisas. De como as coisas acontecem sequencialmente na vida. Tudo que acontece hoje tem ligação com algum fato pretérito. E assim pude analisar passivamente o que me acontece. Percebi que a sensibilidade e a verdade são coisas primordiais para o artista. A verdade com que se expressa e comunica seus pensamentos para o mundo. Vi uma fila de formigas e me dei conta de quão educadas são. Talvez sejam os animais mais sensíveis do mundo. Cumprimentam-se sistematicamente. Além de uma obediência nunca vista entre outros animais. Seguem cegamente um caminho traçado sabe-se lá por quem. O cigarro queimava despudoradamente e me lembrei de uma conversa que participei uns dias atrás. O fumar é para os viciados o maior prazer da vida. Diferente do sexo, em que outra parte pulsante está participando. O ato de fumar é um prazer solitário, onde você e o seu parceiro (o cigarro) estão em comunhão, não sendo ruim para nenhuma das partes. É o fim em si próprio. Este é o sentido de fumar, ter prazer sozinho, sem importar o que acha a outra parte. E meus devaneios seguiram por outro rumo. Lembrei de pés descalços, de pernas que caminhavam. De pessoas que estiveram na minha vida. E hoje não estão mais. E aceitei bem os fatos postos hoje em dia. Sem mágoas, sem rancor. Apenas e simplesmente aceitei. Pensei novamente na estória da sequência das coisas. E me lembrei dos trabalhos, do segundo que começa a se arregimentar, e que terá algumas ligações com o primeiro. Apesar de todas as diferenças. É como se se tratasse da construção de um pensamentos, surgido de cabeças diferentes, mas que em dado momento convergem para um único fim. E resultam nesta contrução. O afastamento é outro assunto que me ronda nestes tempos. E mais uma vez resignadamente tenho que aceitar. Afinal, não depende da minha vontade. Mas a volta é muito mais satisfatória. E as coisas não vão parar. Haverá um hiato, acredito que não. O sentimento motor da sensibilidade artística continuará pulsando, mesmo que longe. E os membros presentes não deixarão a chama se apagar, com muita verdade farão o caminho durante este momentos de ausência dos demais. E por fim, o cigarro se consumiu em cinzas, o meu devaneio findou. A realidade me chamou à tona. E a vida seguiu.
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