diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Anti-Titã

Que olhos me rodeiam e fazem-me menor. Amedrontado com o brilho intenso. Como partiu toda a minha coragem. Para sempre. Eu. Sou o que sou. Quando fecho os olhos ouço as respirações me circulando. Sinto um arrepio frio percorrer meu corpo. O que posso fazer? Apenas ficar parado. Sem caminho para seguir. Vejo através de suas cabeças grandes e coloridas. Mas, só vejo o escuro. Uma luz estroboscópica que me cega mais que o brilho dos olhos vivos. Juntos. Tudo é cegante. As vezes murmurantes dizem coisas ininteligíveis. Eu fico procurando sentido nos gemidos guturais das bocas vermelhas e carnudas. O ar começa a ficar escasso. E então começo a diminuir. As figuras vão se tornando titãs, gigantes absurdamente disformes. Consigo fugir por uma brecha entre as pernas avantajadas. Só o escuro. O chão escorregadio. Percebo o significado disso tudo. O meu lugar no mundo não é aqui. Não é com essas pessoas. Eu sou o que sou. Tenho que tomar meu lugar. Fechar-me em mim. Infinitamente particular em meus pensamentos. Fechado em colchetes. Trancafiado em minhas entranhas. Sem contato com nada exterior. Preso em meus próprios nós.

Um comentário:

Karol Melo disse...

Gostei muito.

Abraços!