diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Solidão

Tenho uma companhia que está sempre ao meu lado.
Há dias em que ela se afasta, pouco.
Mas há dias em que ela me encosta à parede.
Aperta-me contra o reboco frio.
Põe sua mão gélida sobre o meu peito numa tentativa de me resfriar o coração.
Quase petrifica-o.
A minha respiração é quase nula.
E minha companheira me domina.
Silenciado revejo todo os caminhos, como um filme que projeta-se naquela parede fria.
Lágrimas salgadas correm dos olhos e caem no chão.
Sobre o qual estão meus pés, mesmo que eu não os sinta mais.
É um vazio.
Meu corpo sem suas entranhas.
Apenas o coração, resistente, fraco, que ainda palpita, agarrando-se às últimas lembranças.
De repente tudo se desfaz.
A respiração retoma seu ritmo compassado.
O filme tem suas imagens esmaecidas.
E minha companheira descansa.
Fraca, vai preparar-se para o seu próximo ataque.
Que é sempre inesperado.
Até breve, amiga.

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