diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cegueira

Envolto numa névoa espessa.
O pior cego é o que não quer enxergar.
Mas chega um momento em que não é mais possível.
Não nos é permitido ver nada.
O sentimento nos toma por inteiro.
Inteiramente entregues aos desejos da alma.
Perdido ficamos.
Sem o mínimo domínio de nossas ações.
O mais simples gesto é expressão de amor.
Brilham indecentemente os olhos apaixonados.
Gelam pornográficamente as mãos carinhosas.
O corpo sedento de carícias arde de paixão.
Os lábios ficam ressecados a espera do beijo.
E ele não chega,
as mãos ficam paradas, frias, mortas.
Os olhos se apagam decentemente.
As retinas cegam-se.
Tão rápido quanto foi o amor.
E volta-se a escura solidão de dor
E sofrimento.
O eco não responde os gritos de amargura.
Dissipam-se no vento os berros de ódio.
Gela o ar...

Um comentário:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado