diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Trópico do Meu Ser

Todo ciclo tem seu ponto de retorno.
Com que cores pintei-me?
Que personagens interpretei?
Quantas regravações fiz?
De quem cerquei-me a vida inteira?
Penso não caber no mundo o peso de minhas palavras.
Que voz ouvi todo instante?
Que circos armei durante meu caminho?
Que rumos tomou minha vida?
Tantas perguntas...
Quase nenhuma resposta.
Vidas vivi.
Que vísceras usei para amar?
Os pés que chutei os amores.
As mãos que afagaram meus cabelos.
Sentimentos vadios.
Contundentes dores passadas.
Sob as luzes dos refletores tomei choques.
Ai, que tempos idos longes.
Vermelhos carmins eu usei.
Tropeços à parte, estou aqui.
Jamais mirei atrás.
Sempre avante seguindo.
Orgulhando-me das glórias do passado.
E por que as derrotas não?
Sim!
Tudo foi tijolo na construção que hoje se apresenta.
Tudo foi válido pra eu ser o que sou.
Quem sou?
Eu sou o abismo que há entre o que fui e o que serei.
Sou uma dissonante nota musical fora da pauta.
Uma personagem fora do papel.
Retiências, e não ponto final.
Abstrações mundias de tudo que resta quando não somos vivos.
Vento da contra-mão.
Que corações me encontrem.
Olhos que mer perseguem, prescrutando minha alma.
Bocas que murmuram meu destino.
Línguas que guardam minhas memórias.
Folhas em branco sendo pintadas.
Em cores fortes, tropicais.
Calor do vento norte.
Sul de meu ventre.
Tecidos se agitem como os coqueirais das praias.
Areias quentes.
Velas que nos levam longe, longe.
E tão perto de nada, que sempre há de existir.
E um pouco mais do que se possa imaginar.

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