diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 20 de março de 2008

Arrependimento.

Perdoem-me.
Eu nunca soube o que fazia.
E por isso hoje peço perdão.
Esqueçam minhas palavras.
Apaguem minhas erradas ações.
Perdoem-me.
Eu pensava saber agir.
Jamais aprendi.
Quis ser certo, errei sempre.
Agi para mim, contra mim.
Pensando fazer o bem.
Aos que machuquei.
Perdoem-me.
Peço honestamente.
Tive tempo de fazê-lo antes.
Mas no fim é que se pesa tudo.
É que nos arrependemos das coisas.
E sofremos no leito final.
Assim, sinto meu fim.
Tão próximo como minha sombra.
Que acompanhou vida inteira.
Guiou meus passos.
Esteve sempre colada à mim.
Perdoem-me.
Erros, muitos, cometi, arrependo-me.
Muitos erros perdooei.
E por isso sei que alguns me perdoarão.
Outros nem se lembrarão de mim.
Apenas do mal que lhes fiz.
Das coisas ruins que lhes disse.
Perdão.
Errei, se voltar errarei novamente.
Talvez até nos mesmos erros cairei.
Perdoem-me.
Eu só quis viver, ser como era.
Sentir meus amores, minhas agonias.
Minhas próprias dores sozinho.
Sem ajuda de ninguém.
Apenas somando minhas angústias no peito.
Sofrendo comigo mesmo.
Sem perturbar os outros.
Que sorriam sempre.
E eu não sabia nem chorar.
Externamente.
Minhas lágrimas corriam por dentro de mim.
Num ciclo interno, parte de mim.
Sempre em mim, dentro.
Perdoem-me.
Eu só fui.
Quero partir agora sem amarras.
Sem coisas que me arrastem pro fundo.
Pro escuro das almas amarguradas.
Liberar minha alma do corpo.
E seguir o rumo.
Já que tudo aqui é passageiro.
É efêmero.
Quero a eternidade.
Não, não me tomem como religioso.
Não faço apologias às religiões.
Apenas acredito que existimos numa matéria.
Que fica, o etéreo continua.
Não sei onde, nem como, nem por quê.
Apenas quero ir perdoado.
Perdoem-me.

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