Hoje eu não quero escrever.
Não sinto absolutamente nada.
Já não sofro mais.
Sorrio.
Os dias demoram.
E eu não reclamo.
Apenas aguardo.
Resignadamente.
A sucessão de horas.
O sol está raiando.
Olho pela janela.
Vejo uma grande revoada.
As aves gorjeiam lindamente.
E a brisa da manhã é macia.
Eu continuo olhando.
Sem vontade de escrever.
Tudo é tão lindo.
E eu ali, parado.
Diante de todo um sistema.
Que continua inerentemente à minha vontade.
Eu senti que não controlo nada.
Absolutamente nada.
Nem um dos músculos do meu corpo.
Meus sentidos estão livres.
Como as aves que vi pela janela.
E eu aqui.
Ainda sem vontade de grafar palavras soltas.
Eu quero deixar as páginas do passado escondidas.
As páginas de amargura que se rasguem.
Eu sou agora um outro ser. Vivente.
E quero, agora sim, escrever.
Mas, desta vez palavras vivas.
Pulsantes, leves...
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