diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

domingo, 30 de março de 2008

Novo Dia

Hoje eu não quero escrever.
Não sinto absolutamente nada.
Já não sofro mais.
Sorrio.
Os dias demoram.
E eu não reclamo.
Apenas aguardo.
Resignadamente.
A sucessão de horas.
O sol está raiando.
Olho pela janela.
Vejo uma grande revoada.
As aves gorjeiam lindamente.
E a brisa da manhã é macia.
Eu continuo olhando.
Sem vontade de escrever.
Tudo é tão lindo.
E eu ali, parado.
Diante de todo um sistema.
Que continua inerentemente à minha vontade.
Eu senti que não controlo nada.
Absolutamente nada.
Nem um dos músculos do meu corpo.
Meus sentidos estão livres.
Como as aves que vi pela janela.
E eu aqui.
Ainda sem vontade de grafar palavras soltas.
Eu quero deixar as páginas do passado escondidas.
As páginas de amargura que se rasguem.
Eu sou agora um outro ser. Vivente.
E quero, agora sim, escrever.
Mas, desta vez palavras vivas.
Pulsantes, leves...

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