diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Somewhere.

Eu nasci no tempo da desordem e da loucura.
Mas em meio a esse caos me encontrei.
Vivi cercado de espelhos e luzes.
Mas não me via refletido.
Em um tempo fracionado, partido.
Eu vivi correndo num campo livre.
Atrás de montanhas altas.
Eu queria gritar.
Mas o eco não me respondia.
Muitas mãos, muitos pés.
Pessoas iam e vinham.
Nunca me tocaram.
Eu quis, eu quero.
Não sei mais.
As luzes brilham, cada vez mais.
Incessantemente.
Sucessivamente.
As pessoas não são mais as mesmas.
Eu, eu não sou mais o mesmo.
Em algum lugar, longe, distante léguas daqui.
Tem de haver um pote, cheio de outras coisas.
De outras vidas.
De histórias que não foram contadas.
Escritas em folhar antigas.
Personagens que nunca viveram.
E um dia viverão.
O céu, tão azul e altivo.
Pinceladas de tinta branca o mancham.
Minhas dúvidas derretem.
Como balas de açúcar.
Em algum lugar haverá uma mulher.
Cantando, correndo no palco, nos palcos.
Desafinando, como na vida.
Envelhecendo como vinho.
Haverá em algum lugar música.
Ouvidos apurados.
Tem de haver.
Senão de que adiantará tanto sofrer.
A vida haverá de ter um fim.
Um happy end.
Sei que um dia minha memória ficará branca.
Não saberei mais nada.
Nem quem fui.
Tenho medo.
Medo de perder o passado.
De esquecer o presente.
E não viver o futuro.

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