diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dança

Hoje sou nada.
Me tiraram a casa, a cama.
Sem chão.
O vazio é o meu lugar.
Dos piores roubos que sofri foi o teu o mais cruel.
Sem amor.
O frio me abraçou para sempre.
Peguei naquelas mãos gélidas e longas.
Dançamos um dança de volteios e rodopios.
Não sabia de fato, apenas intuía que aquela dança me conduzia ao fim.
Na morte.
E eu deixei-me guiar até o último instante.
Pouco me importava.
Já não era nada. Já não possuía nada.
Todos os meus investimentos foram fracassados.
Fui um total perdedor na vida, no jogo que é a vida.
Não, a vida não é sonho.
Paraísos não existem.
Apenas habitamos o caos cósmico do grande poder universal.
Exaurido de tudo rodava naquele salão.
Meu corpo era tomado por uma letargia.
E eu não opunha resistência.
Conformado fui.
Até o fundo. Até o fim.
Adeus...

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