diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Melancolia...

Que me toma o peito.
Não me deixa amadurecer.
Apenas chorar.
Que me invade a alma.
Quando penso em ser outro.
Que me corrói a vida.
Dissonantes andamentos.
Lentos passos que trôpegos andam.
Violões que choram.
Como eu, ontem, hoje e sempre.
Se à frente obstáculos se interpõem,
o que fazer se não os venço?
Parar, desistir de caminhar.
Olhar atrás.
E ver que nada valeu.
Que nada ficou.
Que me toma de arroubo uma tristeza.
Que me consola, saber o fim próximo.
Toma-me eternamente nos teus braços.
Doce e dolente melancolia.
Uma dama de lilás.
Saudade tão profunda.
Quase toda minha.
Nunca tive nada.
Nenhuma coisa, pessoa, que pudesse chamar de minha.
Apenas eu.
Nada meu.
Só eu.
Só.
E sorrisos que disperdicei no caminhos.
Olhos que não cruzaram com outros.
Sentimentos que se perderam à esmo.
Amores vãos.
Ilusões várias.
A felicade andou à margem na minha vida.
Não a vi, nem a menor réstia dela.
Sua cara não conheci.
Tudo era lilás.
A dama.
As damas.
O tabuleiro, as peças que se moviam.
Tons escuros, claros...
Nada ficou.
Só o lilás.
A saudade.
Todos os suspiros de alegria duraram míseros instantes.
Eram ofegantes e rápidos.
Como respiração de quem morre.
E tudo morreu.
Tudo secou, murchou.
Tudo cerrou.
Findou.
O que virá além.
Só o tempo dirá.
E não sei se verei.
Se esperarei pacientemente...

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