diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 8 de abril de 2008

Meu Sentir Não Sentindo

Quando vão descerrar as cortinas?
Os panos que fecham a minha visão.
A escuridão que não me deixa enxergar,
Quando vão acender as luzes?
Eu quero ser claro.
Ser objetivo.
Trilhar meu caminho sem tropeços.
Não ter que ouvir repetidas vezes as mesmas coisas.
Independente dos perdões alheios.
Livre.
Amado, amante...
E não consigo.
Tenho vergonha.
De buscar sempre o que não alcançarei.
O que jamais terei.
A reciprocidade para meu imenso amor.
A velha via de mão única.
Mendigando nas estradas pedaços de alguém.
E recebendo pena.
Não, eu não quero só isso.
Eu quero mais.
Eu quero amor, eu quero mel.
A melancolia me corrói a alma.
Eu choro, sem lágrimas.
Dilacero meus sentimentos.
Só a tristeza permanece intacta.
Os olhares me recriminam.
E eu vou me fechando.
Como ostra...
E minha pérola interior vai se apagando.
Perdendo seu brilho.
Sizudo, sério, sem leveza.
Apenas fechado, pesado, triste e solitário.
E as cortinas permanecem fechadas.
As luzes apagadas.
E tudo me sufoca.
Minhas mãos não coordenam movimentos.
Andam à esmo.
Soltas de mim.
Minha cabeça pára de pensar.
O corpo de sentir.
Frio.
E é só isso.
Até hoje.
E para sempre.

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