diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Servidão

Para que uso as pessoas são destinadas?
Uns merecem o fim.
Outras são de muita serventia.
Quando se dão inteiras para outras.
Se fazem serviçais, escravos delas.
Eu ainda sou submisso.
Talvez ainda o seja por bom tempo.
Quando meus grilhões se quebrarem,
Possilvemente não saberei ser livre.
E terei de me ater a outro alguém.
Não nasci para ter asas e voar.
Meus pés devem permanecer fincados no chão.
Sendo obediente e servo dos outros.
Minha vida é isso.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Eu Te Amo

Tão fácil de ser dito.
Difícil mesmo é ser entendido.
Absorvido pelos outros.
Três palavras.
Frase forte.
E séria.
Eu já sei dizer.
Sempre soube.
Tão intensa e vívidamente como respiro.
Grito e só escuto meu eco.
Num rebatimento surdo de sons desencontrados.
E tento fazer-te me ouvir.
Eu te grito e tu não me ouves.
Aprenda. É fácil.
Diz-me: Eu te amo!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Incompreensão

Eu sei que não devia querer-te.
Mas, tentar eu bem tentei.
E não consegui.
Tentei encontrar as razões de tu não querer-me.
Não as consegui.
Estas respostas e muitas outras permanecerão contigo.
E nunca as possuirei.
Triste fiquei. O amor borbulhava em mim.
Tu não quisestes recebê-lo.
É incompreensível pela sabedoria humana.
O que pensas?
Ninguém merece ser amado? Não.
Não é tão assim. Alguns realmente.
Mas eu, hoje, tenho mais clareza.
O amor só existe unilateralmente.
E as pessoas que não sabem aproveitar bloqueiam-se.
Pensando idéias mil a respeito do que amam.
Tu me fechastes o teu coração.
E eu jogarei ao mar todo o meu sentimento.
Para que ele se afogue e desapareça.
Assim como eu dapareci da tua vida.
E me prepararei para um novo amor.
Enfim

Ciclo

Quando a noite chega, toda minha força se esvai.
A solidão e a dor me tomam.
E eu fico encolhido num canto escondido.
Esperando numa escuridão sem fim.
Aos primeiros raios da manhã volto a me sentir.
Meus ânimos vão surgindo.
E assim sigo bem, até o fim da luz do dia.
Quando retorna toda a agonia.

Franqueza

Quis ser forte. Mais duro que o maior dos rochedos.
Ruí, como castelos de areia derrubados pelo mar.
E hoje desmancho-me de sentimentos.
Eu tenho saudade dos tempos felizes.
Se é que foram alegres.
Estou sim, fadado a sofrer por amor.
Como o maior de todos os poetas.
Sonhando com meus últimos suspiros.
Quando enfim descansarei de todas as agruras vividas.
E sairei deste mundo.
Para ir a outros universos.
Meus abraços foram vagos, vazios.
Os beijos que dei, sem gosto.
Frieza foi o que me acompanhou nos últimos momentos.
E eu sofro muito mais por isso.
Por não poder dizer: Eu te amo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

De tanto amor

Quem muito amou:
De amor morrerá.
Aquele que muito falou:
Estará relagado ao silêncio eterno.
O que nunca demonstrou:
Ficará condenado e preso.
Quem não viveu:
Permanecerá na escuridão.
Os que não se rasgaram:
Covardes para sempre.
Quem não se permitiu amar:
Solidão até o fim.
Aos que nunca quiseram ser amados:
Minha eterna pena.
Pois viver é amar.
Amar é sofrer.
E sofrer é estar pulsando.
Coração agitado, cabeça doida.
E assim sempre nos trilhos da vida vadia.
Vãs emoções soltas no espaço do mundo.
No oco dos seres que se querem construir pessoas.
De almas levianas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Poeira

Em que chão pisar? Se não o vejo.
As paredes tão sólidas de ontem onde estão?
A luz que brilhava tão vívida e forte se apagou.
Nenhuma réstia do passado existe.
Apenas mágoa, escuridão. Morte.
Um novo ciclo surgirá.
Quando?
Tantas perguntas me rodeiam.
Respostas que não estão em mim. Estão em outro ser.
E não me alcançam. Não me chegam claras.
O tempo, o tempo, que tempo? Tempo que não passa.
Pára. Exita e não segue seu rumo.
O silêncio e a solidão me tomam o corpo.
Me invadem as narinas como ar contaminado.
Me sufocam.
Sabedoria de um tempo que não se vive.
Experiências adquiridas com o nada.
Tudo vai ser ordenado, tudo vai tomar seu devido lugar.
E eu tenho medo da proporção que certas coisas podem tomar.
O novo me assusta?
Eu não sei mais quem eu sou, quem está comigo. Se alguém esteve.
Viremos as páginas da vida e vamos escrevendo novas linhas tortas.
E que volumes sejam acumulados uns em cima dos outros.
Nas nossas bibliotecas empoeiradas.
Até o dia que eles sejam lidos como documentos antiqüíssimos.
De histórias remotas.
Tristão e Isolda do futuro.
De um futuro distante.
Tão distante assim como tu estás de mim.
E estarás sempre e sempre, sempre.
Sempre ao largo da minha vida e dos braços meus.
Se extiguem em mim as forças e junto o meu sentimento.
E adiante nada restará.
Nem eu, nem o sentimento.
Só velhos livros entulhados.
Comidos pelos tempo.
Cobertos de camadas sistemáticas de poeira.
E fim. De um caso que nem começou.
Uma apressada da lentidão.
Movimento de estagnação.