diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dias felizes...

Todos os dias ela sentava em frente à televisão, tomando seu leite quente, num copo de vidro barato e pensava na sua solidão. Seu corpo era mirrado. Como de criança desnutrida. Suas mãos ossudas e de dedos longos. Seus pés, já deformados, pelos sapatos velhos, gastos e apertados. Vestia sempre uma camisola florida, de margaridas rosas. O cabelo sempre muito bem penteado, já começava a rarear. A vista fraquejava, ou talvez fosse culpa da fraca lâmpada que iluminava o ambiente. A janela sempre aberta, deixando entrar a leve brisa das noites estreladas. Em época de chuva, não sentava, não tomava leite quente, não vestia a camisola, não pensava na solidão. Deitava-se cedo. Perdia-se em lindos sonhos coloridos, se entregava alegre por longas noites. Era feliz.

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