Há dentro de mim um silêncio ensurdecedor.
Sou oco e todo meu corpo ressoa este barulho.
Leva-me às raias da loucura.
Quando defronto-me com minha figura no espelho já não tenho forças.
O que resta de mim é uma carcaça velha coberta de uma pele ressequida pelo tempo.
Este encontro é sempre dolorido.
Olhos nos meus próprios olhos e os meus olhos reais penetram na alma refletida naquela superfície.
Invadem-na aqueles olhos duros e secos.
O silêncio está em mim.
Lentamente, como não acreditando que tal figura exposta em suas vísceras corresponde ao que eu sou hoje, levo minhas mãos ossudas à face esbranquiçada.
Tateando-a em toda sua extensão.
E percebo que de fato eu sou aquilo.
Aquele corpo quase inerte, um meio fantasma.
Uma espécie assombração a vagar.
Um grito agudo me perfura os tímpanos.
E eu recobro os sentidos à realidade.
Vejo que o mundo ainda está lá.
Por fora daquelas paredes.
O barulho é tranquilizador.
Mas o silêncio ainda está em mim.
E.
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