diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Vileza

Decididamente eu quero cada dia mais estar desconectado das pessoas.
O sentido de amar não é igual para nós.
Eu sou cada vez mais concha, ostra, sei lá.
Algo hermético.
Tanto fechado, casulo de mim.
E não. Não, não pretendo deixar de sê-lo.
Tuas palavras, vazias, de sentido, de sentimento, palavras mentirosas.
Juras, planos e castelos de areia.
Levianos sonhos me fizeste sonhar.
E tu? Tu te rias de mim.
Como idiota, palhaço num picadeiro inexistente.
Era isto o que fazias de mim.
Um brinquedo, bobo, tua diversão para curar tuas feridas de outro amor.
Não, não me clames perdão.
Isto eu não te posso dar.
Sou humano, sou.
E é ínfimo o tempo passado.
As tuas garras ainda estão cravadas em mim.
A tua ausência ainda é muito patente.
O teu sorriso ainda brilha na minha memória.
O mais belo dos sorrisos, com seus olhos miúdos, apertados.
Idiota!
Fui, sou.
Escarnecias de meus sentimentos.
Foste cruel.
E quando já te havias curado nem olhaste atrás.
Cruzaste as ruas para longe de meu coração.
Antes tiveste ido porque já te havias curado.
Quão tolo eu fui!
Partiste ao primeiro sinal de teu antigo amor.
O que será de ti?
Pouco me importa.
A mim, quero que saibas, já não me terás. Nunca mais.
Castigo para mim ou para ti?
Não sei.
Apenas ergo-me com o pouco de dignidade que me resta e te esqueço.
Sim, te apagarei da memória para sempre.

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