diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 1 de abril de 2016

de nós.

Entre um espasmo e outro o silêncio.
Na minha cabeça ressoava um última e dooída frase:
O que restou de nosso amor?
Lidos agora os versos finais de uma carta antiga já não fazem sentido.
O espelho quebrou-se.
A barreira se ergueu rápida e pesada.
Já não somos como outrora fomos.
E isto é salutar.
Triste dos que permanecem os mesmos.
Tu já não estás. Eu ainda aqui.
O que restou de teu perfume é lembrança doce.
E teus olhos grandes e iluminados já já não me fitam tão de perto, como se fossem os lhos de Deus sobre uma criatura sua.
Sim, era isso o que eu representava, o maior papel de minha vida: ser teu.
O pano caiu. A casa silenciou. Teu corpo se foi. A cama é grande, fria e triste.
Eu, pequeno, calado, assusto-me com cada mínimo ruído.
É a esperança que teima em habitar meu coração.
A espera é infinita.
Enquanto teu caminho é cada dia mais longe de mim, mais distante da casa, inalcançável para meus braços...
O que resta?
O tempo, as paredes, os olhos de Deus, o último aceno, um beijo de despedida, a memória, o nada, o nada, o nada.
O fim. De tudo, de nós, de mim.

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