diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sábado, 6 de outubro de 2007

Angústia

Como não pesar minha alma?
Como não me contentar com poucas sobras?
Não há nada pior que não ter,
não ser, não existir para quem se ama.
Passar sem ser visto.
Esforçar-se para ser notado.
E nem uma simples migalha nos resta.
Um dia quem sabe, talvez as coisas mudem?
Acredito que nem tudo é tão mutável assim.
As vezes o silêncio é melhor que palavras.
Ações futuras dependem dessas frases mal ditas.
Queria ter o poder de mudar, voltar atrás.
Sei que não é possível.
Então choro.
Sofro, calado, mudo, sozinho no mundo só meu.
No meu universo absolutamente particular.
Em que não permito a entrada de outrém.
Senão o meu amor.
Sei que meu amor não virá, nem hoje,
nem amanhã, nem tampouco futuramente.
Solitáriamente triste sigo minha sina.
Seca, longa, longínqua estrada fria e morta.
Que meu último leito não demore a chegar.
Preciso sair desse plano sofredor.
Mesmo que seja para sofrer em outro plano.
Mas não aqui.
Onde todos já me ridicularizaram.
Onde não tenho mais coragem de ser nada.
Onde jã não quero ser mais ninguém.
Pó e só.

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