diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Contrariador

Eu que não tenho amarras.
Vivo na contramão.
Atravesso as vidas.
Atropelo os homens.
Vivo numa transversal do tempo.
Num contratempo.
Um buraco no que há.
Eu sou contrário a tudo.
Contrario a vida.
Desobedeço à gravidade.
Passeio no tempo, no ontem,
No amanhã e no sempre.
Sou diferente de todos.
Sou à margem do mundo.
Quebro tudo que está posto.
Não leio regras, não absorvo ordens.
Quero o descampado, o liberto.
O alforriado.
Asas que me levem longe.
Partir sem medo, sem mirar.
Não assentar meu pés nos chãos.
Sempre diverso e múltiplo.
Corrente e desesperador.
Negando tudo que afirmam.
Perturbando às ordens.
Pulando, driblando as vozes.
Sorrindo ao esgar dos choros.
Na via errada, batendo de frente.
Sendo quem sou.
O que sou.
Como sou.
E pra que sou.
Eu.

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