diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Piruetando

Eu tenho uma espécie de defeito.
Um só não, tenho vários.
Pois, em querendo ser amado.
Me atiro desperadamente ao amor.
E quase sempre, ou sempre caio.
A rede a qual me atiro não me suporta.
É fraca.
O chão me segura.
E machuco-me.
E dói.
Mas eu não aprendo, não apreendo.
Cada dia mais me jogo desregradamente.
Sem medo, sem sentir antes as dores.
Piruetas escandalosas nos meus saltos.
Sempre as faço para aumentar a queda.
Ou talvez na esperança de uma rede nova.
Um novo amor, desta vez correspondido.
Reciprocidade essa que não me chegou.
Meu circo ainda está triste.
Sigo todas as noites dando saltos quase mortais.
E nenhum aplauso ao fim do espetáculo.
Apenas o eco dos meus giros no ar.
Silêncio no vazio que sou.
Espero um dia que meu espetáculo acabe diferente.
Numa enorme salva de palmas.

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