diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

terça-feira, 29 de abril de 2008

Agradecimento

Eu só te agradeço por uma coisa.
Por me fazer sofrer.
Não, não, não te assustes.
É verdade.
Pois assim posso escrever.
O sofrimento exponho-o nas palavras.
E assim crio meus textos.
Obrigado, por me fazer sofrer!
E que continues me magoando.
Me ferindo, me expelindo de tua vida.
E eu conseguirei erguer minhas obras.
Em cima de minha dor.
Do sofrimento por ti.
Continuas sendo minha inspiração.
Muito melhor agora, na dor.
Quando consigo enfim verbalizar tudo.
Não são versos melosos de amor.
Abomino tudo que seja de amor.
Só a dor, é que constrói grandes obras.
Angústia e Sofrimento.
Obrigado, por ontem, hoje e sempre me fazer chorar.

Saída de Cena

Tantas palavras ditas.
Sentimentos passados.
E nenhuma palavra que eu queria ouvir.
Apenas coisas jogadas ao léu.
E eu sozinho.
Eu que tanto amei.
Busquei incessantemente.
Trilhei caminhos complicados.
E atravessei mundos.
Disse tantas vez que amava.
E nenhuma foi falsa.
Sempre verdadeiros amores.
Muitos, eu sei, mas leais.
Jamais falei levianamente.
Eu amava sim.
Houve tantos desencontros.
Encontro nenhum.
Como iguais que se repelem.
Todos passaram à margem de mim.
E eu fiquei só.
Ninguém me tocou na alma.
Era muito difícil? Eu era complexo?
Eu que nunca quis ser esfinge...
Decifra-me ou te devoro...
Eu estive sempre à mostra.
Abertamente amante.
Não, talvez, justamente, por isso.
Pos ser totalmente desvendado.
Entregue aos turbilhões do amor.
Findou-se meu carnaval.
Cerram-se as cortinas.
Saio de cena, depois de cumprir meu papel.
De simples coadjuvante nas protagonizações alheias.
Sem meu par romântico.
Apenas o palhaço, dos palcos, das telas...
Pequenas participações nas vidas dos outros.
Sobem o créditos.
Meu nome lá não figura.
Sou micro.
E...
The End.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pra quê?

De que vale a vida?
Pra que viver?
Tão triste.
Sozinho no mundo.
Sentir solidão.
Não ter amor.
Chorar copiosamente.
Entregar-se ao destino.
Quando este não ajuda.
Só empurrões.
Eu não quero mais!
Estar no mundo frio.
Gélido.
Quando nada vale a pena.
Niguém que amei está vivo.
Nem mesmo nas lembranças.
Tudo tão igual.
Tudo tão parado, morto.
De que valeu tudo que vivi?
De tanto amar.
Pouco ficou.
Quase nada do que fui.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Melancolia...

Que me toma o peito.
Não me deixa amadurecer.
Apenas chorar.
Que me invade a alma.
Quando penso em ser outro.
Que me corrói a vida.
Dissonantes andamentos.
Lentos passos que trôpegos andam.
Violões que choram.
Como eu, ontem, hoje e sempre.
Se à frente obstáculos se interpõem,
o que fazer se não os venço?
Parar, desistir de caminhar.
Olhar atrás.
E ver que nada valeu.
Que nada ficou.
Que me toma de arroubo uma tristeza.
Que me consola, saber o fim próximo.
Toma-me eternamente nos teus braços.
Doce e dolente melancolia.
Uma dama de lilás.
Saudade tão profunda.
Quase toda minha.
Nunca tive nada.
Nenhuma coisa, pessoa, que pudesse chamar de minha.
Apenas eu.
Nada meu.
Só eu.
Só.
E sorrisos que disperdicei no caminhos.
Olhos que não cruzaram com outros.
Sentimentos que se perderam à esmo.
Amores vãos.
Ilusões várias.
A felicade andou à margem na minha vida.
Não a vi, nem a menor réstia dela.
Sua cara não conheci.
Tudo era lilás.
A dama.
As damas.
O tabuleiro, as peças que se moviam.
Tons escuros, claros...
Nada ficou.
Só o lilás.
A saudade.
Todos os suspiros de alegria duraram míseros instantes.
Eram ofegantes e rápidos.
Como respiração de quem morre.
E tudo morreu.
Tudo secou, murchou.
Tudo cerrou.
Findou.
O que virá além.
Só o tempo dirá.
E não sei se verei.
Se esperarei pacientemente...

domingo, 13 de abril de 2008

Misto.

Eu desamprendi a sorrir.
Não sei mais chorar.
Já não quero estar aqui.
Penso em sair deste lugar.
Alcançar outros hemisférios.
Partir para outros caminhos.
Tu sonrisa és muy bella.
Yo me recuerdo de ello.
Quiero sentirte otra vez.
Y talvez amarte más un poco.
Hoy estás lejos de mi.
Cerca, solo la desilusión.
Pero yo pienso en vivir amandote.
E sei que não devo.
Que tu tens outro amado.
Não pensaria duas vezes.
Faria tudo como antes.
Só pensaria em ti.
Minha vida inteira revista.
Como uma película que se assiste.
Podendo estar estar nas minhas mãos.
A decisão do final feliz.
Mas vida é diferente.
Nada pertence à nós.
Tudo depende tão somente dos outros.
E estes nunca agem como queremos.
Perdi o sono, as esperanças
Lágrimas secaram.
Apenas o que ficou foi a saudade.
Do que fomos, do que vivemos.
Tú y yo.
Nosostros tán felizes.
Poco importán los que dicem cosas tolas.
Somos, éramos felizes juntos.
Hoje já não há nós.
E sim tu, sozinha com teu novo amor.
Eu com minha solidão.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Minhas Meninas

Minhas meninas.
Meus amores.
Tão diferentes.
Unidas pelas igualdades.
Minhas meninas.
Meus sabores.
Alegrias radiantes.
Raivas passageiras.
Paixões incontroláveis.
Quero-as junto.
Debaixo de minhas mãos.
Acariciando-as.
Minhas meninas.
Minhas filhas.
Mães, amigas.
Minhas meninas crescidas.
Soltas no mundo.

Meu Sentir Não Sentindo

Quando vão descerrar as cortinas?
Os panos que fecham a minha visão.
A escuridão que não me deixa enxergar,
Quando vão acender as luzes?
Eu quero ser claro.
Ser objetivo.
Trilhar meu caminho sem tropeços.
Não ter que ouvir repetidas vezes as mesmas coisas.
Independente dos perdões alheios.
Livre.
Amado, amante...
E não consigo.
Tenho vergonha.
De buscar sempre o que não alcançarei.
O que jamais terei.
A reciprocidade para meu imenso amor.
A velha via de mão única.
Mendigando nas estradas pedaços de alguém.
E recebendo pena.
Não, eu não quero só isso.
Eu quero mais.
Eu quero amor, eu quero mel.
A melancolia me corrói a alma.
Eu choro, sem lágrimas.
Dilacero meus sentimentos.
Só a tristeza permanece intacta.
Os olhares me recriminam.
E eu vou me fechando.
Como ostra...
E minha pérola interior vai se apagando.
Perdendo seu brilho.
Sizudo, sério, sem leveza.
Apenas fechado, pesado, triste e solitário.
E as cortinas permanecem fechadas.
As luzes apagadas.
E tudo me sufoca.
Minhas mãos não coordenam movimentos.
Andam à esmo.
Soltas de mim.
Minha cabeça pára de pensar.
O corpo de sentir.
Frio.
E é só isso.
Até hoje.
E para sempre.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

sexta-feira, às 8:35

ontem eu fui dormir sem vontade de acordar.
hoje eu acordei sem vontade de nada fazer.
o dia vai ser longo.
só por que eu quero que passe rápido.
nada sai como a gente espera.
e isso não é nada bom.
lembre-se sempre que cada ação
merece uma reação.
e que esta reação não depende de você.
e sim, de uma outra pessoa.
porém, quase nunca essa pessoa reage como se espera.
o que fazer?
esperar, ter calma, paciência.
ah... mais aí não serei eu.
eu já sei como resolver...