diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Esquecer-te

Eu queria me perder no mundo.
Abrir o oco que me ocupa.
Estar vagando no meio do nada.
Perder-me em devaneios, vãos.
Ilusoriamente amando.
Com mãos erradas.
Sentimentos bruscos.
Involuntários movimentos.
Escurecer todos os pontos luminosos.
E estar no breu.
Não sei sentir.
Olhar para mim mesmo esqueci.
Tomar meu passos como rumo.
Já não faço contas.
Perdi a noção dos dias, horas, minutos.
Segundos instantâneos que estou contigo.
Queria não ver-te mais.
Para não mais me sentir vazio à tua ausência.
Esquecer-me completamente de tua voz.
Tuas tão macias mãos.
Afagas-me e me corrói o peito.
O oco ressoa dentro de mim.
Completa-me, te imploro.
Não, não, não é possível.
Habitas tão longe, hoje.
Vejo-te repentinamente nas ruas.
E cego me ponho.
Quero-te longe, mais longe que o infinito.
Volta para teu ser.
Esquece, aliás, eu que te devo esquecer.
E silente deitar e adormecer.
Tranquila e serenamente.
Como os anjos.
Que vagueiam nos céus.
Perco-me nas recordações.
Que sei, um dia estarão apagadas.
Como as velhas fotografias estão se apagando.
Ficará só o branco.
O nada.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

procurar...

procurando um rumo...
um eixo norteador...
algo que me encaminhe...
que me ensine a acertar...
que talvez me caiba...
um ponteiro...
um pequeno ponto de luz...
ou talvez um farol...
um guia, um sentimento-mãe...
uma mão que me leve...
quero algo meu...
só pra mim...
e comigo sempre...
buscando uma resposta...
nem a pergunta eu sei...
busco algo orientador...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Falta

Não me morde mais,
Não arranha,
Beijos, carinhos, abraços...
Nada mais.
Não sinto mais um braço em volta.
Começo a sentir falta.
Como o mundo girava.
Eu não sentia.
Tudo ardia em paixão.
Toda a vida queimava.
E hoje só cinzas.
De lenhas que estalavam ontem.
Sentimentos que secaram.
Esvairam-se, evaporaram...
Nada ficou.
Tudo deposto como os velhos reis.
Tronos vazios.
Corações murchos.
Desatentos olhos que vagueiam no mundo.
Descruzamentos alheios.
Caminhos que nos distanciaram.
Lânguidos movimentos de retrocesso.
Nada voltará.
Novos amores.
Nenhum igual.
Talvez maiores, menores.
Igual, jamais...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entrega.

A mim, me falta coragem.
E por isso ainda não findei com tudo.
Não por medo do que possa vir.
Os problemas estão em mim.
Para onde eu for os levarei?
Não sei o que há depois.
Talvez o escuro, o buraco.
O fim, o começo, o recomeço.
O início, uma passagem, o que quer seja.
Eu quero findar com isto.
Ter coragem.
Ter hombridade e sair de tudo.
Não me vejam como um covarde se um dia conseguir.
Eu digo a vós que não foi covardia.
Foi uma real desilusão.
Uma completa desistência depois de muita insistência.
Cansei.
Quero descansar, ou não, sair para o que vier.
Se algo vier.
Não quero saber mais nada.
Já não tenho vontade.
Não sonho, nem sei ver as cores fortes que gritam.
Os urros são surdos, mudos.
O mundo parou de girar.
E eu quero parar de caminhar.
Coragem! Coragem, avante!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sonhos desfeitos...

Sonhar, como sonhou o pequenino graõ-de-areia...
Feliz, ele, que conseguiu conquistar sua amada estrela...
Eu sou tão ínfimo.
Tão ridiculamente infame.
Absurdamente pequeno.
Minhas ações são retrógradas.
Imbecis, canalhas.
Comigo mesmo, com meus princípios...
Que princípios?
Se nada fui, se pouco fiz, se ninguém quis...
Não adianta chorar desoladamente.
Apenas arcar com preço que custou tudo.
E somente isto.
Nada feito.
Tudo caído por terra.
Todos longe.
Só, solitariamente errante.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Saudade.

O frio me assombra.
Teus braços estão longe.
Não me aquecem mais.
Sei que voltas logo.
Mas, cada segundo é infinito.
E tu não estás aqui.
Quero-te sempre perto.
Coladinha a mim.
Tuas mãos nas minhas.
Teu coração compassado com o meu.
Respirações unidas.
Lábios entrelaçados.
Sentimentos comuns.
Tu e eu.
Nada mais importa.
O mundo pode parar.
O tempo correr transloucadamente.
E nada, absolutamente nada.
Nos afetará.
Só sei que te amo.
Se tu me amas?
Não saberei dizê-lo.
Mas o meu amor é grande.
Amo-te por nós dois.
E para mim basta.
Ficas junto a mim.
Sentindo-me como te sinto.
Silente.
E estarei feliz.
Volta ligeiro.
Teu corpo me faz falta.
A voz, o jeito, os olhos acesos.
Tua vida é minha vida.
Nossos pés trilhando o caminho futuro.
Vem, eu te espero.
Anciosamente.