diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Do almoço...

Um Coca-cola aberta. Um prato sujo. Copo de gelo, fatia de limão. E uma figura mórbida sentada em frente. Era assim que passava dos os dias, exceto sábados e domingos, no horário das 12 às 13 horas. Naquele velho botequim de esquina. Saia apressado do trabalho para se refastelar naquele prato-feito. O cardápio não era tão variado. Ia de bife à galinha. Passando por suas variantes, assado, cozido, guizado, de molho. Era uma alimentação bem comum. E se sentia feliz. Um pequeno café. O último cigarro no caminho de volta. A bala de menta. E seu hálito ficava uma mistura de gordura, tabaco, café e menta. A satisfação maior era sentar-se à sua mesa no escritório, debaixo do ar-condicionado, recostar a cabeça na parede e tirar vinte minutos de um cochilo desajeitado. E enfim estaria pronto para prosseguir mais um fatigante período de trabalho. Seu colarinho apertava, não se sentia a vontade usando gravatas. Pensou na praia, na sensação de pisar descalço na areia. Sentiu o cheiro da maresia, o calor do sol. Seus pensamentos foram interrompidos pelo insistente telefone que tocava. Tirou o fone do gancho, atendeu a ligação. Resmungou qualquer coisa de volta, sem ar muita importância. Queria ansiosamente voltar aos seus pensamentos paradisíacos. Tentou retomar aquela sensação, não conseguiu. Se deu por vencido. A realidade o trouxera à tona. Se tornava inevitável tentar adiar. O dever lhe chamava. E lá se foi, pesado, prosseguir sua jornada de trabalho...

Um comentário:

Karol Melo disse...

Vida boa a dele...

Abraços!