Eu que nunca aqui estive.
Passo hoje perdido, encantado.
Leve e poeirento.
Os homes são maus.
Esta conclusão eu tirei ao longo da vida.
E nunca me assustei com isso.
Quis absorver tudo, não consegui.
O mundo é vasto, grande imensidão, que eu não abarquei.
Procurei a felicidade, em linhas, em linhos, em sedas, cetins.
Rasguei fios e fios de metros longos.
Perdi o sentido algumas vezes.
Recuperei-os mais adiante.
Mas a vida me empurrava, eu não parava.
Quem quiser que me acompanhe.
Em letras suspeitas, companhias suspeitas, em suspeito de algo.
Perturbadoramente, inconsciente, avassalador.
Eram assim, meus sentimentos.
Fui corrente, elo de corrente, quebra de amarras.
Algemas duríssimas, arcos abertos.
Absolutamente eu, dono de mim, sem mandar em mim.
Sem coordenar quase nada.
Exlcusivamente solitário. E rodeado de pessoas.
Cego, mudo e surdo em meio à multidão.
Ecos vazios de palmas.
Aplausos do escuro.
Estremecimento de cada sólida casa antiga.
Com telhados fortes.
Paredes grossas, tijolos firmes.
Mar, movimentos de maresia cansada.
Ressaca de vidas perdidas, achadas, vividas no mar.
Maravilha de paisagem, campos verdejantes.
Asbtratamente desenhados com linhas superficiais.
Quadrados, fechados, sem brechas.
Trópicos imaginários, linhas indivisíveis.
Naveguei em terra, andei no mar, corri no céu.
As estrelas passavam por mim, eu as cumprimentava.
Sei o nome de cada uma delas. Os astros eu reneguei.
O brilho lunar eu quis em mim.
O sol, não, não me atraía.
A vastidão solitária do céu é bela.
Pensei que veria o redondo mundo girar, ledo engano.
Nada estava em movimento.
Tudo estáticamente parado.
Só eu, que corria, voava, andava, navegava e não cansava.
Tive asas, pés, patas...
Couro, pele, penugem, escamas...
Fui azul, verde, amarelo, branco, preto, vermelho, roxo...
Criança, menino, homem, velho, padre, poeta, cantor, romancista, ator, eletricista, encanador, pintor, educador, desempenhei diversas funções no mundo.
Só não fui amor, nem amado.
Passei, não fiquei.
Nem pés, nem cabeça.
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