diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ato de Amores.

Quem éramos nós?
Vagantes moribundos.
Orbitávamos no mundo.
Os ventos cênicos nos sopraram.
Unimo-nos. Formamos uma célula única.
Que, como bem sabemos, se divide, de reagrupa.
Somos parte de um mesmo organismo vivo.
E vivo estamos, hoje, depois de juntos água, terra, fogo e ar.
Elementos em amálgama.
Barcos que rumam ao horizonte.
Repleto de luzes brandas e palcos infinitos.
Atrás de cortinas rubras.
Tablados que nos comportem.
Felizes e Tristes aos mesmo tempo.
Tragicômicos. Gregos e Urbanos.
Montéquios e Capulletos.
Estados Unidos e União Soviética.
Judeus e Hitlerianos.
Dia e noite.
Simplesmente juntos.
De mãos dadas.
Caminhando na estrada dos tijolos amarelos.
O caminho das artes.
Fingindo, esse é o nosso ofício.
Mentir aos povos. Fazê-los crêr no que contamos.
Ou cantamos, ou apenas dizemos.
Dando vida à corpos inertes.
Fazendo as palavras grafadas há séculos pulsarem no papel.
Tomarem formas sonoras e chegarem aos ouvidos alheios.
Não nos cansemos. A jornada está só começando.
Juntos sigamos até o fim.
Quando de canudo nas mãos possamos mostrar ao mundo a que viemos.
Brincar de brincar de ser artista.
E sê-lo tão sério como nos convém.
Como deve e deverá ser sempre.
Simples e claros.
Atores.
E não só isso. Mas tudo que possa-se agregar ao termo.
Cênicos profissionais.
Mandantes da arte teatral.
Senhores absolutos dos afazeres.
Capacitados seres de artes.
Ato de amores.
Amadores dos Atos.
E sentir a ânsia costumeira ao abrir as cortinas.
E entrar dominando todas as platéias.
Até o momento do último suspiro das personagens.
Ao ouvir os merecidos aplausos.
Que toquem as batidas Molière.
Estaremos prontos.
Merda!

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