diário, escritos, rascunhos, pulsações de uma vida quase completa

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Não Me Arrependo

Não, não me arrependo de nada.
Está tudo vivido.
Tudo passado.
Cavei sempre e a cada dia meu poço.
Procurei afundar-me na solidão.
Que um dia tanto me apavarou.
E me desarvarou.
Virou minha eterna companheira.
Já que ninguém o quis.
Não, não me arrependo de nada.
Está tudo varrido.
Estilhaços recolhidos.
Mil faces impressas nos restos de mim.
Pedaços que não se juntarão.
Amores que valeram.
Medo de não amar.
Estio de um tempo sem fim.
Não, não me arrependo de nada.
Está tudo apagado.
Nada restará quando eu morrer.
Ninguém se lembrará.
Jamais marquei em algo.
Apenas passei.
Como o vento que se sente e não se vê.
Quem sabe no céu estarei.
Esperando um outro coração completar-me.
Se nunca me arrependi.
Não será agora, no fim de tudo que hei de fraquejar.
Não, não me arrependo de nada.
Está tudo vivido, varrido, apagado...

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